Bovespa ganha 0,50% no fechamento, na contramão de mercado mundial 25/02/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que seguiu de perto o mau humor global durante boa parte do pregão, encerrou os negócios em tom positivo na rodada desta quinta-feira, penúltimo pregão do mês. A alta de hoje interrompe uma sequência de quatro dias consecutivos de perdas.
A recuperação do mercado interno foi puxada pelas ações ligadas às commodities metálicas, a exemplo de Vale, Usiminas e Gerdau. A taxa de câmbio doméstica refletiu o nervosismo do dia e atingiu R$ 1,83.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,50% no fechamento, aos 66.121 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,24 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em baixa de 0,51%.
PUBLICIDADE
A ação preferencial da Vale, com movimento de R$ 650 milhões, teve alta de 0,72%. A ação da Petrobras, outro papel preferido pelos investidores, subiu 1,29%.
O destaque do dia ficou por conta do lucro histórico do Banco do Brasil, na casa dos R$ 10,15 bilhões, um aumento de 15,3% na comparação com 2008. A ação ordinária do banco, uma dos poucos papéis a subir ontem, teve desvalorização de 1,47% na sessão de hoje.
Analistas ressaltaram o crescimento da carteira de crédito, acima da concorrência, mas avaliaram o resultado teve impacto de circunstâncias excepcionais, que possivelmente não devem se repetir neste ano. Em relatório sobre os resultados, a corretora Planner destacou as expectativas de que as operações de crédito do banco continue crescendo em 2010, em torno de 23%, já incluindo as contribuições de Nossa Caixa e Votorantim.
"Nossas expectativas para o setor continuam positivas e o crescimento da carteira de crédito se baseia no aumento do poder aquisitivo da população e da produção industrial, implicando no crescimento do PIB nacional", avalia Persio Nogueira Jr, analista da corretora.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,831, em um avanço de 0,27%. A taxa de risco-país marca 220 pontos, número 1,38% acima da pontuação anterior.
Os mercados amanheceram de mau humor, já repercutindo a advertência das agências de "rating" (classificação de risco de crédito) sobre o estado das contas públicas da Grécia. O nervosismo com a situação da zona do euro derrubou as Bolsas asiáticas e contaminou os mercados europeus e americanos, que operaram com sinal negativo durante toda a jornada hoje.
A Bolsa de Valores brasileira embarcou na mesma tendência durante boa parte da rodada de negócios, mas perto das 16h (hora de Brasília), o mercado esboçou recuperação, descolando-se mais uma vez da tendência mundial.
O noticiário internacional não alimentou muito otimismo: na Europa, a taxa de desemprego alemão subiu para 8,7%; nos EUA, a demanda pelo auxílio-desemprego voltou a aumentar, quase atingindo a casa dos 500 mil pedidos. Em uma das poucas notícias positivas do dia, a demanda por bens duráveis aumentou 3% em janeiro.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que o país teve a menor taxa de desemprego para um mês de janeiro (2,2%) desde 2002. O governo apresentou bom desempenho nas contas públicas: o superavit foi de R$ 16,18 bilhões em janeiro, o melhor desde outubro do ano passado.
Empresas
O grupo siderúrgico Usiminas anunciou um lucro líquido de R$ 1,344 bilhão para exercício de 2009, o que representa uma retração de 58% sobre o resultado de 2008. No mesmo setor, o grupo Gerdau revelou um lucro líquido de R$ 1 bilhão no exercício de 2009, ante R$ 4,94 bilhões em 2008.
A ação preferencial da Usiminas subiu 5,17%, enquanto a ação da Gerdau teve ganhos de 4,02%.