Chile estende toque de recolher, mas saques e violência aumentam 02/03/2010
- France Presse com Folha Online
Esporádicos a princípio, os saques se intensificaram e ficaram mais violentos nas últimas horas, apesar do toque de recolher e do reforço do patrulhamento pelas tropas chilenas nas regiões mais atingidas pelo terremoto de magnitude 8,8 do último sábado (27), que matou ao menos 723.
A violência aumenta os temores da população, já angustiada com a falta de alimentos e a situação de abandono em várias localidades.
Em Concepción, 500 km ao sul da capital e epicentro da tragédia, a situação era crítica: ainda não foi implementado um canal de distribuição de alimentos e, apesar da forte presença militar nas ruas, os saques prosseguiam.
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No final da tarde, um grupo de vândalos ateou fogo a uma loja de departamentos e a um supermercado em Concepción, e uma pessoa envolta pelas chamas foi resgatada pelos bombeiros no interior da loja, situada em uma zona comercial do centro da cidade.
Uma nuvem de fumaça negra cobriu a cidade devido ao incêndio, enquanto fuzileiros navais tentavam controlar a situação.
No domingo, um homem morreu baleado por um grupo que tentava assaltar sua casa na periferia de Concepción, em meio ao toque de recolher.
A polícia identificou o homem como Romeo Alexis González Martínez, 22, morador de Chiguayante, na periferia da cidade de Concepción, informa o jornal chileno "La Tercera".
A violência também foi registradas em outras cidades, como na localidade costeira de Dichato, onde moradores denunciaram saques cometidos por pessoas vindas de outras regiões.
O governo chegou a estender o toque de recolher para outras três cidades: Talca, Cauquenes e Constitución.
A medida vigorou das 24h às 06h e envolveu um amplo dispositivo militar, informou o general-de-brigada Bosco Pesse, encarregado da zona de Maule.
A presidente Michelle Bachelet anunciou o envio de 5.000 soldados às regiões de Maule e Concepción, que têm, no total, 7.000 militares.
Afetados
O Escritório Nacional de Emergência (Onemi, na sigla em espanhol) estimou nesta terça-feira que 2 milhões de chilenos foram afetados de alguma forma pelo terremoto de magnitude 8,8 que atingiu o centro-sul do país no último sábado (27). O tremor, um dos fortes do país e do mundo, deixou ainda 723 mortos, mais de 500 feridos e outros 19 desaparecidos.
Segundo a diretora do Onemi, Carmen Fernández, citada pela imprensa chilena, o número de desaparecidos ainda é muito parcial já que as informações ainda chegam de maneira precária das regiões mais atingidas.
"Não vamos ficar contabilizando dia a dia. Nossa meta é ajudar as 2 milhões de pessoas em suas condições básicas de vida e neste marco estamos nos movendo", disse.
Fernández defendeu-se ainda das críticas sobre a lentidão na entrega de ajuda humanitária aos afetados pela tragédia e afirmou que o Onemi trabalha para agilizar o processo de entrega dos suprimentos aos cerca de 2 milhões de afetados.
"Aqui estamos em uma rede de distribuição que está operando e o maciço da ajuda começou a operar. É uma rede em que trabalham todos os organismos, que inclui dispositivos aéreos, caminhões que estamos alugando para via terrestre e os barcos da Armada", disse, citada pelo jornal "El Mercurio".
Fernández afirmou ainda que está prevista ainda para esta terça-feira, quatro dias após o tremor, a entrega de tendas de emergência para os desabrigados. "Vamos começar com um estoque de cinco mil", explicou.