Bovespa fecha com avanço de 1,52% e anula perdas de 2010 05/03/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
O mercado brasileiro de ações teve um dia de forte alta, numa rodada de negócios caracterizada pelo giro financeiro superior à média. Em um cenário ainda de tensão por conta da Grécia, os mercados mundiais se animaram com as boas notícias vindas dos EUA, onde a perda de empregos ficou abaixo do previsto (o relatório "payroll"). A taxa de câmbio doméstica cravou R$ 1,78.
Na semana, a Bolsa brasileira acumulou ganho de 3,52%, e em 30 dias, de 9,69%. Com o pregão de hoje, o índice zerou as perdas de 2010 tem uma leve valorização de 0,38%.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, subiu 1,52% no fechamento, aos 68.846 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,03 bilhões, bem acima da média de R$ 6,5 bilhões/dia em fevereiro. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 1,17%.
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"O mercado ficou sem volume por vários dias justamente pela espera por esse 'payroll', e a melhora desses números gerou um incentivo para uma entrada um pouco maior [de recursos]", comenta Felipe Casotti, economista da Máxima Asset Management. Ele avalia que, caso se concretize a ajuda à Grécia, como o mercado espera, as Bolsas podem ter mais dias de tranquilidade pela frente, pelo menos no "curtíssimo prazo". "Novos problemas podem surgir nos próximos meses, principalmente na Europa, envolvendo economias até mais representativas que a Grécia", acrescenta.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,787, em um decréscimo de 0,27%. A taxa de risco-país marca 187 pontos, número 4,59% abaixo da pontuação anterior. "Acho que ainda é cedo para supor que o dólar está rodando em novo patamar. Se você lembrar bem, no final do ano passado a taxa estava em torno de R$ 1,70 e alguns já diziam que iria ficar abaixo desse nível em 2010, que teve um início positivo. Não foi o que aconteceu e nós quase vimos o dólar chegar a R$ 1,90", afirma Glauber Romano, profissional da mesa de operações da corretora Intercam.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que o país teve uma perda de 36 mil vagas em fevereiro (já consideradas as admissões). A taxa de desemprego foi calculada em 9,7%. Economistas de Wall Street esperavam uma redução entre 40 mil e 50 mil postos de trabalho, calculando uma taxa de desemprego em 9,8%.
O indicador era o mais esperado nesta semana, já que economistas apontam o mercado de trabalho como um dos principais pontos fracos da recuperação americana.
Ainda no front externo, o Parlamento grego aprovou o pacote do governo que prevê uma economia estimada em US$ 6,5 bilhões nas contas públicas neste ano, à força de cortes dos salários e aumento de impostos. As novas medidas de austeridade fiscal foram reclamadas pela União Europeia para apoiar a Grécia, às voltas com uma série crise financeira, que ameaça a estabilidade na zona do euro (o conjunto de países que adotam essa moeda).
No Brasil, o IBGE apontou uma inflação de 0,78% em fevereiro, ante 0,75% em janeiro, pela leitura do IPCA, índice de preços utilizado para o regime de metas do governo. Analistas do setor financeiro esperavam uma variação de preços entre 0,81% e 0,82%.