Em terceiro dia de perdas, Bovespa recua 0,46% no fechamento 15/03/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) emendou seu terceiro pregão de desvalorização das ações, em meio à cautela dos investidores com a agenda econômica da semana. O noticiário internacional ajudou a melhorar o humor do mercado: a advertência da agência Moody's repercutiu mal nos mercados americanos e europeus. E na cena doméstica, permanece a expectativa pela reunião do Copom.
A Bolsa de Valores operou hoje já sob novo horário: das 10h às 17h (hora de Brasília), no pregão regular. O "after market" foi reescalado para a faixa de 17h30 às 19h.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, teve retração de 0,46% no fechamento, aos 69.023 pontos. O giro financeiro foi de R$ 10,62 bilhões, bem acima do normal (R$ 6,5 bilhões/dia). Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou com avanço de 0,16%.
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O volume financeiro da Bolsa foi inflado pelo vencimento dos contratos de opções, que hoje movimentou R$ 5,03 bilhões.
Opções são contratos em que se negocia direitos de compra ou de venda de um ativo financeiro, mediante o pagamento de um prêmio. Os contratos mais negociados são justamente sobre papéis da Vale e da Petrobras, que costumam definir a tendência da Bovespa diariamente.
No vencimento deste mês, a opção preferida pelos investidores foi para compra de ação preferencial da Vale a R$ 46, com negócios de R$ 646,7 milhões. A segunda mais negociada foi outra opção de compra sobre ação da Vale, desta vez a R$ 40, com giro de R$ 583,6 milhões. A terceira foi uma opção de compra sobre ação preferencial da Petrobras, a R$ 35,83 (negócios de 487,8 milhões).
O mercado de câmbio doméstico manteve o dólar em R$ 1,765 no encerramento das operações, num expediente de pouca volatilidade: as taxas oscilaram entre R$ 1,770 (máxima) e R$ 1,762 (mínima).
A agenda econômica mais intensa desta semana elevou o nível de cautela dos investidores. Amanhã, o Federal Reserve (banco central dos EUA) faz uma reunião para decidir sobre a política de juros da maior economia do planeta. A maioria dos economistas não aguarda novidades: a "banda" de juros entre zero e 0,25% deve ser mantida. O comunicado oficial, no entanto, pode ser motivo de algum estresse.
"É preciso lembrar que recentemente alguns membros do Comitê declararam que o Banco Central deve remover do comunicado a linguagem frequentemente usada para reafirmar seu compromisso de que manterá o juro muito baixo por um 'período prolongado'. Por isso, se o comunicado surpreender de alguma forma, os mercados poderão voltar a ficar mais cautelosos", comenta Miriam Tavares, diretora da AGK Corretora, em seu relatório diário sobre o mercado financeiro.
Entre as principais notícias do dia, o Federal Reserve (banco central dos EUA) apontou que a produção industrial americana teve crescimento de 0,2% em fevereiro, batendo expectativas e acumulando oito meses consecutivos de aumento.
Ainda na cena externa, a agência Moody's advertiu para a situação das contas públicas no Reino Unido e nos EUA, alertando que o "rating" (classificação de risco de crédito) dessas economias -- entre os melhores do mundo -- pode ser rebaixado.
O boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, mostrou que a mediana das projeções de mercado subiu pela oitava vez no caso da taxa de inflação estimada para o ano: o IPCA projetado atingiu 5,03%, bem acima da meta oficial deste ano (4,5%).
O Ministério do Desenvolvimento informou que a balança comercial acumula saldo positivo de US$ 582 milhões até a segunda semana do mês. No acumulado do ano, o saldo comercial brasileiro é de US$ 809 milhões.
O Copom se reúne amanhã e quarta-feira, antes de anunciar a nova taxa básica de juros do país (8,75% ao ano). Economistas do mercado financeiro concordam que a taxa Selic deve subir, mas há dúvidas sobre o início desse ajuste: neste mês ou abril. Segundo o boletim Focus, a maior parte dos analistas de bancos e corretoras espera novidades para o mês que vem, já aguardando um ajuste de 0,5 ponto percentual.