Cena externa preocupa e Bovespa fecha em queda de 1,25% 19/03/2010
- Folha Online
Investidores miraram nas notícias da cena externa, num dia sem indicadores econômicos mais fortes, e preferiram sair do mercado de ações no último pregão da semana. Grécia, mas também Índia e China, deram o tom das preocupações nos negócios de hoje. E assim como as Bolsas europeias e americanas, a brasileira Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) desvalorizou durante a maior parte da jornada.
Na semana, a Bolsa de Valores sofreu retração de 0,74%, mas no acumulado deste mês, teve ganho de 3,50%.
Sob expectativa do balanço da estatal, que deve ser divulgado nas próximas horas, as ações da Petrobras tiveram perdas de 2,13%, no caso das preferenciais, e de 2,05%, no caso das ordinárias. Juntos, os dois papéis movimentaram mais de R$ 1,3 bilhão do giro total de R$ 6,4 bilhões registrado neste expediente.
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O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, cedeu 1,25% no fechamento, recuando para os 68.828 pontos. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,35%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,799, em um avanço de 0,55% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 194 pontos, número quase 2% acima da pontuação anterior.
A Grécia continuou a chamar a atenção dos mercados. A indefinição sobre um possível pacote de auxílio financeiro pela comunidade europeia permanece como um "sombra" nos mercados mundiais. Embora a economia desse país tenha importância periférica dentro da zona do euro, economistas temem um "efeito dominó" sobre outras nações problemáticas caso a situação grega piore.
Profissionais de mercado também citaram a elevação dos juros na Índia como outro fator que derrubou as Bolsas de Valores. "Essa medida provocou a desvalorização das commodities, porque trouxe dúvidas se não vai diminuir o consumo. E a nossa Bolsa é muito influenciada pelos preços das commodities, isso é básico. [A alta do juros] também despertou temores de que outros países talvez estejam um pouco atrasados nesse sentido", comenta Marcelo Mattos, da mesa de operações da corretora Geraldo Correa.
A decisão do Banco Central brasileiro de manter a taxa básica de juros em 8,75%, nesta semana, foi recebida com algum desconforto no mercado. Para uma parcela de investidores e analistas, o BC perdeu um oportunidade de iniciar o ciclo de alta da taxa básica, num cenário em que a trajetória da inflação já preocupa.
A China também foi lembrada hoje. O país asiático sinalizou tempos atrás que está preocupado com certas "bolhas" na economia e tomou medidas restritivas para conter o crescimento. A iniciativa da Índia renovou temores de que Pequim pode lançar mão de outras ferramentas para "domar" a atividade econômica.
Empresas
Ontem à noite, a fabricante de aviões Embraer informou um lucro líquido de R$ 894,6 milhões para o ano de 2009, ante R$ 428,8 milhões no exercício anterior. Segundo a companhia, o resultado teve impacto positivo de de créditos fiscais no último trimestre do ano passado.
A ação ordinária subiu 4,44% no pregão de hoje, um dos maiores ganhos entre as ações que compõem o Ibovespa.