Bovespa fecha em queda de 0,68%; ação da Telebrás cede 13,6% 24/03/2010
- Folha Online
A cena externa adversa mais vez afetou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que encerrou o dia em terreno negativo. Preocupações com a economia europeia, tendo por destaque o rebaixamento da avaliação do risco de Portugal, deram o tom da rodada de negócios de hoje.
Indicadores do setor imobiliário também estragaram o apetite por risco dos investidores. Profissionais de mercado ainda citaram a expectativa pela ata do Copom, prevista para amanhã, como outro fator que aumentou o sentimento de cautela.
A ação preferencial da estatal Telebrás desvalorizou 13,60% ao final do pregão, em um dia de volume financeiro (R$ 76,4 milhões) bem cima da média para esse papel. Conforme reportagem da Folha publicada hoje, o Tesouro Nacional emitiu nota técnica em que condena a reativação da Telebrás pelo governo Lula para gerir seu programa de banda larga.
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O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, recuou 0,68% no fechamento, aos 68.913 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,75 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,48%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,802, em alta de 1,29%. A taxa de risco-país marca 180 pontos, número 5,76% abaixo da pontuação anterior.
As ações da Petrobras estiveram entre os poucos papéis de primeira linha que escaparam da derrocada generalizada, ainda que marcando valorizações somente modestas. A ação preferencial subiu 0,58%, enquanto a ordinária teve ganho de 1,35%.
Hoje, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, reforçou que a capitalização da empresa deve acontecer ainda neste ano, e que é fundamental para o plano de investimentos, orçado em US$ 220 bilhões para o período de 2010 a 2014.
"Esse papel está patinando há meses, porque há uma indefinição muito grande, entre outras coisas, sobre o tamanho dessa capitalização, de como será feita. Muita gente já percebeu que o mercado está mais seletivo com os IPOs [lançamentos de ações]. Se for muito grande, pode repetir o que ocorreu com aquela empresa do Eike Batista [OSX]. É um risco, e tem que haver um equilíbrio entre o tamanho dessa operação e o nível de aversão ao risco dos investidores, que aumentou", afirma Edison Marcellino, gerente de operações da corretora Finabank.
Entre as principais notícias do dia, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou o "rating" (nota de risco de crédito) de Portugal, citando preocupações com o deficit orçamentário do país. A notícia gera nervosismo no mercado, já ansioso com a falta de uma definição sobre um possível pacote de ajuda financeira à Grécia, que pode recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
O rebaixamento da nota portuguesa, ainda que discreto (o país continua grau de investimento), despertou temores de que outros países -- como Espanha e Itália, também em situação problemática -- sejam alvos de outros "downgrades".
Nos EUA, o Departamento de Comércio revelou nesta quarta-feira que as encomendas de bens duráveis cresceram pelo terceiro mês consecutivo. O aumento foi de 0,5% em fevereiro, abaixo da projeção de 0,7% estimada por boa parte dos economistas do setor financeiro. E as vendas de casas novas contraíram 2,2% em fevereiro. A taxa anualizada de vendas cedeu para 308 mil, o nível mais baixo desde 1963.
E no front doméstico, a FGV apontou que as taxas de inflação cederam em quatro de sete capitais pesquisadas, considerando o período da terceira quadrissemana de março, pela leitura do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal).
Amanhã, antes do início dos negócios, o Banco Central divulga o teor da ata relativa à reunião da semana passada, quando decidiu por manter a taxa básica de juros em 8,75% ao ano. Economistas do setor financeiro acreditam que na reunião de abril deve haver um ajuste de pelo menos 0,50 ponto percentual, e vão procurar indícios nesse sentido no texto desta quinta.