Bovespa fecha em alta de 0,35%; ações da Petrobras barram avanço maior 26/03/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve uma jornada instável nesta sexta-feira. As ações valorizaram logo após o início das operações, mas no meio da tarde, as ordens de venda predominaram, levando a Bolsa para terreno negativo, com destaque para os papéis da Petrobras. Perto do encerramento, porém, o mercado ganhou fôlego novo. Na pauta dos agentes de mercado, Grécia e EUA praticamente monopolizaram as atenções.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,35% no fechamento, batendo os 68.682 pontos. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta modesta de 0,08%.
Somente as ações da Petrobras representaram mais de R$ 1,2 bilhão dos R$ 5,7 bilhões movimentados hoje na Bolsa. A ação preferencial (R$ 978 milhões em negócios) desvalorizou 1,98%, numa reação dos investidores à declaração do gerente de Relações com Investidores da Petrobras, Alexandre Quintão.
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Durante conferência com analistas no Rio, o executivo afirmou que se o Congresso não aprovar a operação para capitalizar a companhia, a saída não será aumentar a dívida, mas sim, reduzir o plano de investimentos ou lançar ações na Bolsa, provavelmente num montante entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões.
"A gente trabalha com capitalização com cessão onerosa. Ela é extremamente necessária para o ano de 2010, para o Plano de Negócios de US$ 200 bilhões a US$ 220 bilhões. E se não tiver isso, vai ter que ajustar de algum lado. Ou você ajusta via capitalização [oferta de ações preferenciais na Bolsa] ou ajusta via redução de investimentos", disse Quintão.
"O mercado não gostou nada disso. Primeiro, reduzir investimentos é sempre visto como algo muito ruim. Depois, se a captação [via Bolsa] for mesmo entre US$ 15 bilhões ou US$ 20 bilhões, vai ter impacto na base dos minoritários. Ele [o minoritário] já vai perder dinheiro, e se o acionista não tiver capital para comprar um bom pedaço dessas [novas] ações, vai ter sua participação diluída", comenta Erick Scott, analista da SWL Corretora.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,830, em um acréscimo de 0,99% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 183 pontos, número 0,55% sobre a pontuação anterior.
Entre as primeiras notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA revisou para baixo o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no quarto trimestre: em vez de um aumento de 5,9%, o órgão estimou uma alta de 5,6% para o período. Analistas do setor financeiro esperavam que a projeção anterior fosse mantida.
Ainda nos EUA, sondagem da Universidade de Michigan apontou que o nível de confiança dos consumidores na economia local melhorou, ainda que forma modesta, entre os meses de fevereiro e março.
Ontem à noite, líderes da União Europeia anunciaram um acordo de ajuda financeira à Grécia que prevê empréstimos bilaterais e recursos do FMI (Fundo Monetário Internacional). O presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, disse que o acordo "é viável" mas que "não terá necessidade de ser ativado e que a Grécia vai progressivamente reconquistar a confiança do mercado".