Bovespa fecha em alta de 1,09% e retoma nível de preços pré-crise 01/04/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) concluiu o primeiro pregão de abril em seu nível de preços mais alto do ano, o maior em cerca de 21 meses. Trata-se da quinta rodada consecutiva de ganhos. Analistas destacaram os indicadores favoráveis da China e dos EUA, que formaram o cenário que ajudou na recuperação das commodities (matérias-primas) e impulsionaram as ações brasileiras mais influentes do mercado nacional.
Amanhã, nem a Bovespa nem as Bolsas americanas operam, devido ao feriado da Sexta-feira da Paixão.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, ascendeu 1,09%, aos 71.136 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, ascendeu 0,65%.
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A ação preferencial da Vale teve ganho de 0,80%, movimentando R$ 717 milhões, de longe o papel mais negociado pelos investidores neste pregão. A mineradora declarou a maioria dos clientes aceitou a nova política de preços (com reajustes trimestrais), no lugar da forma antiga de reajustes anuais.
Outro papel bastante negociado, a ação preferencial da Petrobras, valorizou 1,01%, com volume financeiro de R$ 490 milhões, num dia em que o barril de petróleo bateu a casa dos US$ 85 no mercado internacional, o maior preço em 18 meses.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,769, em seu quarto dia de recuo. A taxa de risco-país marca 181 pontos, número estável ante a pontuação anterior.
Foi divulgado na noite de ontem uma pesquisa privada que indicou uma ampliação no ritmo de crescimento do setor manufatureiro chinês. O índice PMI (de referência internacional) subiu para 55,1 pontos em março, ante 52,0 em fevereiro. Economistas do setor financeiro projetavam um patamar em torno de 54,5 pontos.
A China é um dos "motores" da economia mundial e grande importadora de commodities (matérias-primas), o que afeta diretamente as Bolsas europeias e a brasileira Bovespa, onde empresas baseadas nesse segmento têm grande peso.
Entre outras notícias importantes do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA informou que houve nova queda na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego, um importante termômetro do mercado de trabalho local. Amanhã, o mesmo órgão revela o fundamental "payroll", relatório sobre abertura e fechamento de vagas.
Ainda nos EUA, uma pesquisa privada apontou que o setor manufatureiro local apresentou o seu maior ritmo de expansão, neste mês de março, desde julho de 2004.
Na Europa, o índice Markit (sondagem com gerentes de compras) sinalizou uma forte expansão do setor industrial na zona do euro, a mais alta em três anos.
E no Brasil, o IBGE apontou que a produção industrial do país teve um crescimento de 1,5% em fevereiro, pelo segundo mês consecutivo, acima das projeções do mercado. E o Ministério do Desenvolvimento registrou um superavit comercial de US$ 668 milhões para o mês de março. No trimestre, a balança está com saldo positivo de US$ 895 milhões, cifra 70% inferior ao superavit no mesmo período de 2009.
Recomendações para abril
As ações da Vale são a única unanimidade entre as carteiras recomendadas pelas corretoras Brascan, Spinelli e Link para o mês de abril. Chama a atenção a retirada dos papéis da Petrobras do rol de sugestões, em meio a dúvidas sobre o processo de capitalização da empresa.
Outro item de destaque é a seleção de empresas baseadas no mercado externo, ou que apuram uma parcela importante de sua receita no exterior, o que demonstra algum perspectiva mais positiva dos departamentos de análise sobre a retomada da economia mundial.
"O dado do mercado de trabalho [dos EUA] referente a março pode ser um divisor de águas para uma nova fase de recuperação, quanto a atividade como um todo passaria a crescer num ritmo maior", avalia a equipe de analistas da Spinelli, em seu relatório sobre as perspectivas do mês.
No balanço de riscos da corretora, a situação financeira delicada na zona do euro ainda preocupa, enfraquecendo os preços das commodities (matérias-primas). A China também causa alguma apreensão, na medida em que o Pequim pode "errar a mão" ao adotar medidas restritivas demais, em sua luta contra a inflação e a formação de "bolhas" da economia local.
Fatores domésticos também preocupam. "No Brasil, o cenário para 2010 permanece bastante positivo, exceto pelas expectativas de inflação, que ao longo do mês se elevaram continuamente", apontam os economistas da Brascan, que ressalvam ter confiança no "histórico de rigor no cumprimento das metas".
O colegiado de diretores do Banco Central volta a se reunir em abril. Para boa parte dos analistas do setor financeiro, é praticamente certo de que a taxa de juros deve subir de 8,75% para 9,25%. Uma parcela dos profissionais do mercado, no entanto, questiona se a taxa pode subir ainda mais e bater 9,50%.
Para abril, a Brascan recomenda as ações da Vale (preferenciais), MMX, Usiminas (preferenciais), Tim (preferenciais), CPFL (ordinárias), AES Tietê (preferenciais), Rossi, MRV, Lojas Renner e Duratex.
Vale, Lojas Renner e Duratex também compõem o cardápio de sugestões da Spinelli, que ainda aponta: São Martinho, CSN (ordinárias), Gerdau (preferenciais), ALL (Units), OGX, Cremer, Localiza e Marfrig.
Em comum com a Spinelli, a Link Investimentos aconselha Marfrig e OGX (além da própria Vale). Outras recomendações são: BM&F-Bovespa, BR Foods, Bradesco (preferenciais), Net (preferenciais), Oi, Suzano e TAM.