Bovespa fecha em alta de 1,40%, no maior patamar desde junho de 2008 08/04/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) atingiu o seu maior nível de preços desde 2 de junho de 2008, período anterior à fase mais turbulenta da crise mundial, e mais próximo do seu patamar histórico (na marca dos 73 mil pontos). Após um início vacilante, o investidor reencontrou o apetite por risco, focando nas ações da Vale, uma das principais forças na recuperação do mercado brasileiro hoje.
O índice Ibovespa, que reflete as oscilações dos preços da ações mais negociadas, subiu 1,40% no fechamento, batendo os 71.784 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,78 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York valorizou 0,27%.
"O mercado amanheceu já preocupado com relação à Grécia, e pouco depois, saiu a notícia de que os pedidos de auxílio-desemprego aumentaram nos EUA, o que deu um tom pessimista para os negócios. Mais tarde, o presidente do banco central europeu [Jean-Claude Trichet] deu mais declarações de apoio [à Grécia]. Acho que isso ajudou a tranquilizar um pouco os mercados", comenta Marco Aurélio Etchegoyen, da mesa de operações da corretora gaúcha Diferencial.
PUBLICIDADE
A ação preferencial da Vale foi, de longe, o papel mais negociado da praça, com volume financeiro de R$ 929 milhões, quase o dobro do segundo ativo mais movimentado, a ação preferencial da Petrobras (R$ 483 milhões).
O papel da Vale valorizou 1,49%, num momento em que os investidores monitoram de perto o nível de aceitação da nova política de preços das mineradoras junto ao seus principais clientes.
Operadores justificaram a "corrida" pelas ações da mineradora brasileira citando o comentário de um grande banco estrangeiro, que projetou uma forte geração de caixa para a Vale caso se concretizem os reajustes acertados para o minério de ferro que, em alguns casos, pode dobrar de preço.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,777, em leve queda de 0,05%. A taxa de risco-país marca 173 pontos, número 5% abaixo da pontuação anterior. Prevaleceu na maior parte do dia o nervosismo com a situação na zona do euro, ainda que haja a perspectiva de um fluxo renovado de capital para o mercado brasileiro.
"Nós ainda precisamos saber se esse dinheiro captado lá fora vai efetivamente entrar no país ou se fica lá fora. Por enquanto, o que nós vimos por aqui foi o fluxo normal de recursos. Efetivamente, se esse dinheiro entrar, o dólar deve reagir"", comenta Luiz Carlos Baldan, diretor da corretora de câmbio Fourtrade. Para ele, é mais provável que a taxa de câmbio continue a oscilar na banda 'informal' de R$ 1,75 a R$ 1,80 no cenário atual.
Entre as principais notícias do dia, o governo dos EUA revelou um aumento na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego, um importante termômetro do mercado de trabalho local. Até a semana, foi contabilizado um montante de 460 mil solicitações iniciais. Economistas do setor financeiro projetavam uma cifra em torno de 435 mil.
O Banco Central Europeu manteve a taxa de juros básica para a região em 1%, a menor em toda a série histórica, pelo 11º mês consecutivo. Ainda na Europa, as vendas do setor varejista contraíram 0,6% em fevereiro, um resultado pior do que o esperado por economistas do mercado, que calculavam um recuo de 0,1%.
À tarde, o presidente do BCE, ean-Claude Trichet, declarou que considerava "factível" o plano da Grécia para controlar seu déficit fiscal e reafirmou o compromisso da entidade com o mecanismo de ajuda financeira, aprovado em março, para socorrer o país mediterrâneo.
No front doméstico, o IBGE apontou inflação de 0,52% em março ante 0,78% em fevereiro, pela leitura do IPCA, o índice oficial para o regime de metas. A FGV também detectou uma desaceleração no reajuste dos preços: o IGP-DI teve variação de 0,63% em março ante 1,09% no mês anterior.