Alencar desiste de sair candidato ao Senado nas eleições de outubro 09/04/2010
- Gabriela Guerreiro - Folha Online
O vice-presidente José Alencar (PRB) anunciou hoje que não sairá candidato nas eleições de outubro. Ele vinha cogitando sair candidato ao Senado por Minas Gerais.
"Eu convoquei essa entrevista até por sugestão do presidente, porque tive reunião com ele ontem à noite e decidi não me candidatar a nada. Vou cumprir o meu mandato até o último dia, se Deus quiser, e descer a rampa da mesma forma que subi", disse ele.
No começo da semana, em Belo Horizonte, Alencar tinha dito que pretendia retornar ao Senado. "Eu falei para o presidente Lula que ele me tirou do Senado e que vai ter que me devolver o Senado", afirmou.
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Questionado na ocasião pelo presidente da instituição, Robson Braga de Andrade, se pretendia disputar o governo estadual, Alencar afirmou: "Eu sou um soldado. Jamais serei candidato meu mesmo. Mas o que eu preciso é voltar para o Senado".
Saúde
Alencar afirmou que não seria justo sair candidato se ainda faz tratamento contra o câncer. "Eu me sinto, confesso, curado. Estou muito bem, graças a Deus. O sucesso do tratamento é absoluto, mas eu continuo fazendo quimioterapia. Eu não sei se seria honesto colocar meu nome como candidato fazendo uma quimio. Porque eu não posso parar com a quimio. É processo de definhamento do tumor, mas ele ainda não desapareceu."
Vice defende candidato único ao governo de Minas
Ao anunciar nesta sexta-feira (9) sua decisão de não disputar as eleições de outubro, o vice-presidente José Alencar (PRB) disse esperar uma solução sobre o impasse na base aliada governista para a disputa ao governo de Minas.
Alencar defendeu que PT e PMDB lancem um único candidato ao governo por considerar que, sem o racha, os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão sair vitoriosos no Estado.
"Com um palanque enxuto [da base], ganhamos as eleições de Minas de ponta a ponta, até as eleições proporcionais", afirmou.
Alencar disse que o seu candidato em Minas será o do "consenso" firmado entre os governistas. "Sou soldado, vou trabalhar para que haja unidade perfeita, para valer, com todo mundo engajado."
O vice-presidente era cotado para disputar o governo de Minas, numa candidatura que teria forças para reunir PT e PMDB em torno do seu nome. Sem Alencar, permanece a disputa entre os petistas Fernando Pimentel, ex-prefeito, e o ex-ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) pela vaga de candidato a governador.
Além da briga dentro do PT, os dois travam com o ex-ministro Hélio Costa (Comunicações) a disputa para a indicação da base para o governo de Minas. Patrus defendeu a realização de prévias no PT para decidir sobre o candidato.
Alencar admitiu que, mesmo com a sua saída de cena nas eleições de Minas, a base aliada vai ter dificuldades para solucionar o impasse. "Não vai ser fácil resolver. Parece que estavam esperando a minha decisão, eu fico até com uma certa culpa", disse.
Além da candidatura ao governo do Estado, Alencar era cotado para disputar uma vaga ao Senado -- ao confessar que o Legislativo era seu esperado destino. "Eu escolheria o mandato ao Legislativo, ainda que em Minas queiram que eu seja candidato a governador", revelou.
O vice ironizou a possibilidade de aliança da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, com o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), que disputa a reeleição -- como defendeu a própria petista esta semana. Alencar classificou de "doença nova" a aliança batizada de "Dilmasia". "Isso é o nome de alguma doença? Parece, né?" - questionou.