Agências de viagens criam pacote bate-volta para Copa na África 10/04/2010
- Verena Fornetti e Fábio Zanini - Folha de S.Paulo
O preço elevado dos pacotes turísticos para a Copa da África do Sul, de até R$ 41 mil, reduziu a expectativa de venda das agências de turismo em relação ao Mundial da Alemanha, em 2006, e obrigou as operadoras a criar pacotes bate-volta, que custam menos e permitem ao torcedor assistir a apenas um jogo da seleção brasileira.
A estimativa das empresas é vender cerca de 5.500 pacotes para o próximo Mundial. A pouco mais de dois meses da disputa, foram vendidos aproximadamente 5.100 pacotes, segundo o Grupo Águia, que reúne as operadoras de turismo credenciadas pela Fifa para comercializar os roteiros. Para Alemanha-06, foram vendidos no Brasil 7.000 pacotes.
Wilian Guedes, da Stella Barros, diz que a passagem aérea e os traslados encarecem os pacotes, pois os deslocamentos serão feitos por avião -- e não por trem, como na Alemanha.
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Guedes afirma que há menos entusiasmo dos brasileiros em assistir a esse Mundial. "A próxima Copa vai ser no Brasil. Os brasileiros preferem esperar." Mesmo assim, ele diz que as vendas estão melhores que o previsto. Há dois anos e meio, quando a empresa começou a estudar o destino, a projeção era que as agências do país vendessem 5.000 pacotes.
Muitas das viagens bate-volta e alguns dos roteiros mais curtos para a competição estão esgotados. O pacote que custava US$ 5.695 (aproximadamente R$ 10 mil, sem os ingressos para as partidas), para ver o jogo entre Brasil e Portugal, não está mais disponível.
Na CVC, que tem parceria com o grupo Águia para vender as viagens, não há mais lugares para o roteiro de nove noites com os dois primeiros jogos da fase inicial -- a partir de US$ 9.707 (R$ 17,2 mil).
A baixa procura pela competição também ocorre entre torcedores de outros países. A expectativa inicial dos organizadores da Copa na África do Sul era receber 500 mil turistas estrangeiros. A projeção foi sendo reduzida e está em 350 mil.
A Fifa deve disponibilizar, a partir da próxima semana, os ingressos que estavam reservados para as empresas darem de presente para clientes e empregados, mas que encalharam.
E os preços de hotéis e de passagens aéreas da South African Airways e da Mango baixaram. Estima-se que os preços dos hotéis estivessem inflacionados em até dez vezes para a Copa e que os valores já tenham caído para "apenas" duas ou três vezes o preço normal, o que é considerado aceitável para os padrões de uma competição mundial.
No Brasil, diz a Abav-Rio (Associação Brasileira de Agências de Viagens), os preços dos pacotes não devem cair. Segundo Luiz Strauss de Campos, presidente da entidade, as operadoras brasileiras já se comprometeram com as operações na África do Sul e o fato de a passagem aérea ficar mais barata a partir de algumas cidades não significa que os pacotes também ficarão mais em conta.
"O pacote é mais atraente que a passagem comprada à parte e, mesmo em cima da hora, os preços não devem cair", afirma Campos. Segundo ele, as vendas devem se acelerar nos próximos dias. Campos diz que no Brasil os passageiros compram com pouca antecedência.