A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) praticamente repetiu a dinâmica dos negócios na jornada de ontem, mantendo-se em terreno negativo boa parte do dia mas registrando valorização, ainda que modesta, perto da conclusão dos negócios. O pedido da Grécia para acessar os US$ 60 bilhões do acordo UE-FMI trouxe pouco alívio para os agentes de mercado. E a proximidade com a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), internamente, reduz o apetite por risco dos investidores.
Para analistas, enquanto não houver um definição sobre os juros, a Bolsa de Valores deve oscilar sem uma tendência firme.
No mês passado, o Comitê manteve a taxa básica de juros em 8,75% ao ano. Na reunião da semana que vem, o mercado está dividido entre um ajuste para 9,25% ou 9,50%. A segunda corrente ganhou força ao longo desta semana.
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Para a consultoria Austin Rating, o aumento deve ser de 0,50 ponto percentual. Olhando os juros projetados no mercado futuro (BM&F), os analistas avaliam que as taxas projetadas já incorporaram "boa parte do efeito de elevação da Selic, portanto, não sendo necessário maior vigor (alta de 0,75 ponto)".
Na outra ponta, a corretora Convenção, indica um ajuste de 0,75 ponto. "Dentre as incertezas do cenário, acreditamos representar hoje para o BC um risco maior dar pouco e tarde do que dar muito cedo", avalia o economista-chefe Fernando Montero, em relatório econômico.
O Ibovespa, índice que reflete as oscilações de preço das ações mais negociadas, subiu 0,18% no fechamento, aos 69.509 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,25 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones (da Bolsa de Nova York) subiu 0,63% na conclusão das operações
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,762, em um recuo de 0,16%. A taxa de risco-país marca 176 pontos, número 1,12% da pontuação anterior. "Todas as notícias que vem de fora têm gerado um desconforto muito grande no mercado [doméstico], aumento a aversão ao risco. Acho que muita gente se retraiu aguardando preços melhores, talvez contando que o dólar volte a R$ 1,74, como na semana passada'" comenta José Carlos Benites, gerente da corretora de câmbio Moeda.
Entre as principais notícias do dia, o primeiro-ministro da Grécia, Giorgos Papandreou avisou que o país já pediu a ativação do mecanismo de ajuda financeira, estabelecido pela União Europeia-FMI em 45 bilhões de euros (cerca de US$ 60 bilhões). A chanceler alemã Angela Merkel solicitou que o país apresente um programa "crível" de controle do deficit público para ter acesso aos recursos.
O Departamento de Comércio americano reportou que os novos pedidos de bens duráveis sofreram uma queda de 1,3% no mês de março. Analistas de mercado projetavam um incremento de 0,3%. Excluindo o setor de transportes, no entanto, há um crescimento de 2,8%, a maior variação desde dezembro de 2007.
Ainda nos EUA, o mesmo órgão do governo americano informou que as vendas de casas novas tiveram uma expansão histórica (27%) em março, a maior em 47 anos.
A agenda doméstica não teve indicadores de maior destaque nesta sexta-feira.