Após ano de crise, gigantes do setor de máquinas retornam à Agrishow 26/04/2010
- Laura Naime - G1-SP
A Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) começa nesta segunda-feira (26), em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo com o retorno das grandes fabricantes de máquinas agrícolas. Depois de um ano de ausência em meio à crise mundial, Valtra, John Deere, Massey Ferguson, New Holland e Case voltam a participar da feira agropecuária.
“Estamos muito otimistas, tem vários fatores que nos levam a isso. O mercado está muito bom. Houve uma grande melhoria na infraestrutura da feira, um grande investimento de remodelação da planta, disponibilizaram área de test drive. Estamos levando quase todos os equipamentos“, afirma Paulino Jeckel, gerente de marketing da AGCO, detentora das marcas Valtra e Massey Ferguson.
A indústria de máquinas agrícolas não viveu em 2009 o seu melhor ano. Só no primeiro trimestre, o faturamento do setor registrou queda de 44%, resultado da crise financeira internacional, que reduziu investimentos e derrubou os preços no campo.
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“A feira vai se realizar dentro de um período bom. Depois do ano passado, o primeiro semestre deste ano se mantém como um ano que vai ter um bom resultado“, diz Luiz Feijó, diretor comercial da New Holland.
A “saída” das grandes no ano passado foi uma decisão conjunta - com os grandes custos envolvidos na participação, decidiu-se que a participação seria bienal. Mas, com a retomada do agronegócio, as empresas não descartam reavaliar essa posição, e marcar presença novamente em 2011. “A discussão do ano passado, de participar a cada dois anos, é a do grupo. Ainda está em aberto, mas o retorno este ano já estava previsto“, diz Werner Santos, diretor comercial Brasil da John Deere.
Reformulação
Este ano, a área de exposição da feira está 50% maior do que em 2009. A área total passou de 230 mil metros quadrados para 360 mil metros quadrados. Neste espaço, são esperados730 expositores - 115 a mais do que no ano passado. Foram R$ 15 milhões em investimentos, segundo o presidente da feira, Cesário Ramalho.
“Nós temos um novo Agrishow, completamente reformulado. A área, que era completamente improvisada, hoje é muito bem desenhada. Temos instalações bem melhores, mais conforto para o visitante. Temos acesso bem melhorada, era desgastante“, diz Ramalho. Na nova planta, foram feitos melhoramentos internos, com aumento das áreas de descanso e de alimentação e a criação de área para test drives.
“As grandes estão de volta, isso é importante. No ano passado, houve um grande debate, se (a feira) iria para outra cidade, isso gerou uma grande insegurança. Este ano, com essas obras todas, está dando segurança maior para que as pessoas vão pra lá, façam seus investimentos. As grandes que não foram estão indo“, comemora Ramalho.
Expectativas
Após a reformulação e com o retorno das grandes fabricantes de máquinas, a expectativa dos organizadores é que o volume de negócios da feira retorne ao patamar de 2008, ao redor dos R$ 800 milhões “na pior das hipóteses“, segundo Ramalho. No ano passado, esse volume ficou em R$ 640 milhões.
Cerca de 140 mil pessoas são esperadas no evento - entre elas, 4 mil estrangeiros. “Temos 44 delegações estrangeiras visitando a Agrishow. A gente trabalhou muito com África, porque eles levam a máquina, o equipamento, a tecnologia, o técnico, a semente”, diz o presidente da Agrishow.
Para os fabricantes, 2010 promete ser um bom ano para o setor. “A gente tem certeza que vai ser um grande mercado no primeiro semestre. No segundo tem algumas dúvidas, mas a gente tem certeza que vai se um ano bom“, diz Jeckel, da AGCO.
“Estamos vivendo um momento muito importante pelo peso do agronegócio na conjuntura mundial“, diz Werner Santos. “Na John Deere também estamos vivendo momento muito importante, fizemos uma série de investimentos em fábrica, em produtos, estamos colocando à disposição uma série de novos produtos. A gente está enxergando como um mercado bastante promissor”, afirma. Só em colheitadeiras de cana, a empresa espera um crescimento em torno de 40% sobre o ano passado.
Na New Holland, a perspectiva é que o ano termine com um crescimento de 10% nas vendas de colheitadeiras. Para tratores, a alta deve passar de 20%. “O mercado como um todo vai ser muito bom esse ano, está se mostrando bem ativo. O ano de 2010 está sendo muito forte desde o início do ano, diz Luiz Feijó, diretor da empresa.