Aumenta fatia do vinho nacional no mercado 26/04/2010
- Mariana Barbosa - Folha Online
Os vinhos finos nacionais estão em alta e ganharam mercado sobre os importados. O consumo de vinhos tintos finos (feitos de uvas vinífera, de melhor qualidade) produzidos em solo nacional cresceu 14,6% em 2009, ante uma alta de apenas 2% do produto do exterior.
As vinícolas gaúchas, que representam 90% do mercado nacional, produziram 13 milhões de litros de vinhos finos tintos, ante uma comercialização de 59 milhões de litros de vinhos finos de procedência internacional. Incluindo vinho de mesa (de menor qualidade), além das variedades branca e rosada, a produção gaúcha de vinhos sobe para 240 milhões -alta de 12% ante 2008.
"O setor vive um momento de recuperação", diz Júlio Fante, presidente do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho). "Nos últimos dez anos, foi feito um investimento forte na viticultura, no plantio da uva, na escolha dos terrenos e em termos de variedade das mudas."
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Dados inéditos compilados pelo Ibravin mostram que a indústria nacional de vinhos e espumantes movimentou R$ 2,5 bilhões no ano passado --considerando como base os valores pagos pelo consumidor final.
A importação de vinhos somou R$ 345 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento.
Considerando os valores pagos pelo consumidor, o faturamento da categoria de importados sobe para quase R$ 900 milhões, de acordo com estimativas do Ibravin.
Além de ganhar mercado em relação aos importados, os vinhos finos conquistam espaço dentro da produção nacional. O Ibravin projeta que a participação dos vinhos finos em relação ao total dos vinhos produzidos no país deve passar dos atuais 18% para 80% até 2025. Mas isso não significa o fim do plantio das chamadas uvas híbridas, ou americanas, usadas para produzir vinho de mesa. Estas continuarão sendo plantadas, mas com foco na produção de suco.
Produto saudável
Com apelo de produto saudável, o suco de uva tem crescido a taxas de 40% ao ano. Tradicionalmente, 30% da safra de uva americana é destinada à produção de sucos. Mas, no ano passado, essa fatia subiu para 45% e a expectativa é que, neste ano, 60% da safra seja transformada em suco. Além da crescente demanda pelo produto, o suco de uva garante retornos financeiros melhores para as vinícolas.
Enquanto o vinho tinto de qualidade garante prestígio para as vinícolas, o suco de uva e os espumantes (que crescem 20% o ano) impulsionam o crescimento e os novos investimentos no setor.
A cooperativa Garibaldi reúne 340 produtores localizados em dez municípios da Serra Gaúcha e pretende investir R$ 7 milhões em aumento de capacidade nos dois segmentos. Segundo o presidente da Garibaldi, Oscar Ló, a produção de espumantes, que foi de 1,2 milhão de garrafas no ano passado, deve crescer 30%. O suco deve avançar na mesma proporção, para 2,1 milhões de litros. "Os vinhos de uvas viníferas também estão crescendo, mas é um mercado mais difícil, com forte concorrência com as estrangeiras", diz Ló.
Com um faturamento de R$ 44 milhões no ano passado, a Garibaldi pretende alcançar o time das grandes vinícolas como Miolo, Salton ou Aurora, cujo faturamento, com vinhos, é da ordem de R$ 100 milhões. "Nós somos grandes no Rio Grande do Sul, mas nossa ideia, para este ano, é conquistar o mercado de São Paulo."
A cooperativa já fechou com algumas redes de supermercados, como Sonda e Hirota, e está investindo em degustação no ponto de venda.
Estratégia similar tem a vinícola Perini, que faturou R$ 40 milhões no ano passado e planeja investimentos de R$ 4,5 milhões para este ano. A intenção de Benildo Perini, presidente da vinícola, é triplicar o faturamento em cinco anos.
Há hoje 1.200 vinícolas em atividade no Brasil, o dobro de cinco anos atrás. A maioria é formada por vinícolas de pequeno porte. Juntas, elas faturaram R$ 1,2 bilhão no ano passado, alta de 60% em relação a 2007. "O volume de uvas se manteve praticamente igual nos últimos dois anos. O crescimento, portanto, representa aumento do valor agregado."