Bovespa cai 3,43% no fechamento, em seu pior tombo desde fevereiro 27/04/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) amargou o seu pior "tombo" desde 4 de fevereiro, em um dos dia mais nervosos do mês, e na véspera de uma reunião do Copom que pode decidir por uma forte correção dos juros brasileiros. Na cena externa, o rebaixamento do "rating" (nota de risco de crédito) grego detonou uma onda de aversão ao risco nos mercados.
O Comitê de Política Monetária, que decide a taxa de juros básica do país (hoje em 8,75% ao ano), inicia hoje sua reunião de dois dias. Economistas do setor financeiro estão divididos entre um ajuste para 9,25% ou 9,50%.
O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retraiu 3,43% no fechamento, aos 66.511 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,58 bilhões, acima da média para o mês (R$ 7 bilhões/dia). Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, cedeu 1,90% na conclusão das operações.
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"Os comentários que se ouvem no mercado são de que os números [da Grécia] são ainda piores do que já foi divulgado. E se for pensar nos demais 'Pigs' [sigla em inglês para Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha], você começa a ficar muito preocupado", comenta Expedito Araújo, da mesa de operações da Alpes Corretora. PIGS
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,765, em um decréscimo de 1,14%. A taxa de risco-país marca 193 pontos, número 9% acima da pontuação anterior.
Entre as principas notícias do dia, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou o 'rating' (nota de risco de crédito) de Grécia e de Portugal, derrubando os mercados americanos e europeus. Anteriormente, a Eurostat já havia assustado os investidores ao apontar que o deficit grego de 2009 seria revisado para cima, na casa dos 14%.
Embora a Grécia tenha finalmente solicitado o acesso aos recursos do acordo UE-FMI, da ordem de 45 bilhões de euros (cerca de US$ 60 bilhões), essa decisão não tranquilizou nem investidores nem analistas, de olho nas dívidas de bilhões de dólares que o país precisa arcar no curto prazo.
Nos EUA, o índice privado S&P/Case-Shiller mostrou um aumento de 0,6% nos preços dos imóveis desse país em fevereiro. A variação ficou abaixo das expectativas do mercado (alta de 1,2%).
Banco do Brasil e Bradesco anunciaram hoje que pretendem lançar uma bandeira própria para cartões de crédito e débito, integrando as suas operações neste segmento com a criação de uma holding. Mais tardes sobre o negócios foram prometidos para o início desta tarde.
Grandes empresas americanas reportaram hoje resultados melhores do que o esperado para o trimestre. A montadora Ford anunciou um lucro líquido de US$ 2,085 bilhões, acima do esperado, contra um prejuízo de US$ 1,427 bilhão no mesmo período do ano anterior. A UPS (United Parcel Services), a maior empresa de encomendas aéreas do mundo, informou um ganho de US$ 533 milhões (US$ 0,53 por ação), um avanço de 32,9% com relação ao mesmo período em 2009. E o conglomerado industrial 3M apontou um lucro líquido de US$ 930 milhões, ante US$ 518 milhões no mesmo período do ano passado.