Bovespa fecha em alta de 0,22%, sem recuperar nível dos 67 mil pontos 28/04/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve somente uma recuperação modesta na jornada desta quarta-feira, após o "tombo" de ontem, um dos piores desde o início de fevereiro. O dia foi bastante nervoso, marcado pelo rebaixamento do "rating" (nota de risco de crédito) espanhol, e pela expectativa sobre a trajetória dos juros, tanto aqui quanto nos EUA.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,22% no fechamento, aos 66.655 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,99 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 0,48% na conclusão dos negócios.
"A alta de hoje foi um pouco por compras de 'barganha' [de oportunidade], mas também foi por conta da recuperação do mercado americano, após o 'Fed' [o banco central americano]. O mercado gostou, porque o Fed está vendo uma recuperação lenta mas constante da economia", comentou Boris Kogan, da mesa de operações da corretora Walpires.
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Mais uma vez, as ações da Vale estiveram no centro das atenções do mercado, depois da notícia de que a mineradora conta com reservas de 210 milhões de barris de petróleo e gás, equivalentes a uma produção de 58 mil barris/dia, nos 27 blocos exploratórios de que participa. Somente a ação preferencial foi alvo de R$ 1,154 bilhão em negócios e valorizou durante boa parte do dia. O papel encerrou o pregão, no entanto, com perdas de 0,60%.
Como termo de comparação, o segundo papel mais negociado, a ação preferencial da Petrobras, teve giro de R$ 560 milhões, e ficou 0,90% mais caro.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,753, em um declínio de 0,67%. A taxa de risco-país marca 185 pontos, número 4,14% abaixo da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, a agência Standard & Poor's rebaixou o "rating" (nota de risco de crédito) da dívida soberana da Espanha de "AA+" para "AA", ainda dentro da classificação de "grau de investimento" (menor risco de calote). A perspectiva de revisão, no entanto, é negativa. Ontem, a mesma agência piorou as classificações para as notas de Portugal e Grécia.
Nos EUA, o Federal Reserve (banco central) manteve os juros primários na "banda" de zero a 0,25%, avisando que esses "níveis excepcionalmente baixos" devem continuar assim "por um longo período". Essa autoridade monetária também apontou uma visão um pouco mais positiva sobre o mercado de trabalho, justamente um dos pontos fracos da recuperação americana.
O Seade/Dieese apontou uma taxa de desemprego de 13,7% em março, a menor em 12 anos. Ainda no front doméstico, o Banco Central informou que o fluxo cambial do país (a diferença entre saídas e entradas de dólares) está negativo em US$ 9 milhões neste mês até o dia 23.
O banco Bradesco divulgou um lucro líquido de R$ 2,1 bilhões para o primeiro trimestre deste ano, número 22% acima do resultado de um ano atrás e superior às expectativas do mercado. A ação preferencial desse banco foi o quarto papel mais negociado da Bolsa (volume de R$ 174 milhões), e teve valorização de 1,78%. A ação do rival Itaú-Unibanco subiu 2,54%, enquanto a ação do Banco do Brasil teve alta de 2,04%.
Já a empresa de TV por assinatura NET revelou lucro de R$ 46 milhões para o exercício do primeiro trimestre, contra R$ 120 milhões no mesmo período em 2009. A ação preferencial teve perdas de 2,68%.
Após o encerramento dos negócios, o Copom (Comitê de Política Monetária) deve anunciar a nova taxa básica de juros brasileira, hoje em 8,75% ao ano. Economistas estão divididos entre um aumento de 0,50 ponto ou 0,75 ponto percentual para a taxa básica de juros.