Bovespa fecha em alta de 1,98%, mas perde 3,4% no mês 29/04/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve o seu dia de mais forte valorização em quase três meses, puxada principalmente pelas ações da Vale. Em um momento de "trégua" da cena internacional, os investidores voltaram às compras, sob a expectativa de que a União Europeia e o FMI evitem "o pior" no caso da crise grega. Bolsas europeias e americanas também fecharam em terreno positivo.
Ainda permanece indefinido quando a Grécia deve receber os recursos "prometidos" pela UE e o Fundo para evitar um "default" (suspensão de pagamentos), mas já houve sinalização de que o montante disponível -- originalmente de 45 bilhões de euros (cerca de US$ 60 bilhões) -- deve ser elevado.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, subiu 1,98% no fechamento, aos 67.978 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,50 bilhões, abaixo da média do mês (R$ 6,99 bilhões/dia). Nos EUA, o índice Dow Jones (Bolsa de Nova York) avançou 1,10% na conclusão dos negócios.
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Sozinha, a ação preferencial da Vale movimentou R$ 899,84 milhões, e foi negociada com ganhos de 3,56%. A ação ordinária foi alvo de outros R$ 187,46 milhões em negócios, e teve alta de 2,87%.
Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em alta de 0,55%, enquanto a Bolsa de Londres ascendeu 0,99%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,732, em um declínio de 1,14%. A taxa de risco-país marca 190 pontos, número 2,70% acima da pontuação anterior.
A taxa de câmbio desceu para o seu menor nível desde 8 de janeiro, apesar de uma intervenção rara do Banco Central, que por duas vezes promoveu leilões de compra da moeda americana.
"Hoje teve algum efeito do Copom [que elevou a taxa Selic para 9,5%]. Os juros mais altos tendem tradicionalmente a atrair mais investidores estrangeiros. Além disso, neste semana houve muitas captações de bancos, em negócios de US$ 300 milhões e até US$ 1 bilhão, e esse dinheiro já começou a entrar no mercado", comenta Luiz Fernando Moreira, da mesa de operações da corretora de câmbio Dascam.
As ações dos bancos estiveram entre os papéis que mais subiram na jornada de hoje, um dia depois que o Comitê de Política Monetária decidiu aumentar a taxa básica de juros (Selic) para 9,5% ao ano. Analistas esperam um ciclo rápido e agressivo de ajuste dos juros, que devem encerrar o ano acima de 11%.
Em comentário sobre a decisão do Copom, a consultoria LCA projeta mais uma ajuste de 0,75 ponto e outros dois de 0,50 ponto percentual, até setembro. "A consultoria entende que esse total de 250 pontos-base seria suficiente para trazer a inflação corrente e as expectativas de inflação de volta à trajetória das metas no horizonte de atuação da política monetária", avalia a equipe de economistas da LCA.
A ação ordinária do Banco do Brasil valorizou 1,90%; a ação preferencial do Brasdesco valorizou 1,98%; a ação preferencial do Itaú-Unibanco teve ganho de 1,80%.
O ajuste mais forte, no entanto, ocorreu com as "units" (recibos de ações) do grupo Santander Brasil (4,03%), que hoje anunciou seus resultados do primeiro trimestre. A instituição financeira viu seu lucro líquido dobrar na comparação com o primeiro trimestre de 2009, atingindo a marca de R$ 1,015 bilhão nos primeiros três meses deste ano.
Entre outras notícias importantes do dia, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou uma taxa de desemprego de 7,6% em março, a menor cifra para o terceiro mês do ano desde 2002.
A FGV registrou uma inflação de 0,77% para o mês de abril, ante 0,94% em março, pela leitura do IGP-M, índice utilizado para o reajuste do aluguel. O IGP-M tem alta de 3,56% no acumulado do primeiro quadrimestre, patamar superior ao registrado nos últimos 12 meses (2,88%).
A Comissão Europeia apontou um aumento do nível de confiança econômico na zona do euro, entre empresários e consumidores.