Bovespa fecha em queda de 0,67%; mercado mostra cautela 13/05/2010
- Epamondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve um dia instável, encerrando o pregão desta quinta-feira em terreno negativo. A opção pela cautela prevaleceu entre os investidores, num quadro de várias incertezas sobre a situação da zona do euro e sem notícias de maior impacto.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, desvalorizou 0,67% no fechamento, indo para os 64.788 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,21 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones (da Bolsa de Nova York) recuou 1,05% na conclusão dos negócios.
"O mercado está andando um pouco 'de lado' [sem tendência firme] porque já houve uma saída muito forte de capital estrangeiro. Agora, os fundamentos econômicos do país estão muito bons e o que nós temos observado é um mercado muito técnico: tem muita gente saindo de papéis que já valorizaram bastante, como Vale, e indo para outros que ainda têm potencial", comenta Antonio Cesar Amarante, analista da corretora carioca Senso.
PUBLICIDADE
Segundo estatísticas da Bolsa, até o dia 11, as vendas de ações por estrangeiros batiam as compras por R$ 1,327 bilhão, mais do que o todo o saldo negativo registrado em abril (R$ 1,07 bilhão).
Os investidores estrangeiros respondem por quase 30% dos negócios da Bolsa. Para analistas, sem um fluxo consistente de recursos do exterior, é difícil para o mercado brasileiro de ações tomar uma direção mais sólida.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,777, em alta de 0,22%. A taxa de risco-país marca 197 pontos, número 2% acima da pontuação anterior.
"Na semana passada, você viu realmente muita pressão sobre o dólar, mas nos últimos dias, perdeu boa parte dessa força depois da ajuda da União Europeia. Agora, o que mercado está aguardando são os resultados. A preocupação ainda continua a ser a zona do euro. 'A lição de casa' [cortar deficits] desses países é muito árdua, e há um longo caminho para percorrer", comenta Glauber Romano, economista da corretora Intercam, sintetizando uma percepção generalizada sobre a situação dos países europeus mais problemáticos
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA revelou que a demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego caiu na semana passada. Houve uma redução de 4 mil no montante de pedidos iniciais, que atingiu 444 mil. Economistas apontaram algum desapontamento com as cifras, que mostraram uma recuperação mais lenta do que o esperado sobre o mercado de trabalho local.
Ainda no front externo, o governo português anunciou um novo plano de ajuste, para reduzir o deficit público do país para 4,6% em 2011. A meta anterior era 5,1%. O tamanho do deficit estimado para este ano é de 7,6%. Ontem, a Espanha revelou um pacote de contenção de despesas, com o objetivo de cortar 15 bilhões de euros em gastos públicos até o ano que vem.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) indicou que o governo vai fazer cortes nos gastos públicos de R$ 10 bilhões, num esforço para conter um possível superaquecimento da economia brasileira
Empresas
O Banco do Brasil anunciou um lucro líquido de R$ 2,35 bilhões para o exercício do primeiro trimestre, um aumento de 41% sobre o resultado de um ano atrás. A ação ordinária do banco cedeu 1,22%.
A BR Foods foi um dos destaques do dia: a ação ordinária subiu 4,55%, um das maiores valorizações do dia, entre as ações que compõem o índice Ibovespa. A empresa anunciou ontem à noite que teve um lucro de R$ 52,6 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo prejuízo de R$ 465 milhões no mesmo período de 2009.
Os papéis do grupo Oi, no entanto, praticamente dominaram a lista dos maiores ganhos: a ação preferencial valorizou 5,49%, enquanto a ordinária subiu 4,55%. A holding de telefonia revelou lucro de R$ 496 milhões para o primeiro trimestre do ano, ante resultado de R$ 11 milhões em igual período do ano passado.