Bovespa fecha em queda de 0,86% e acumula três dias de perdas 17/05/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
O pessimismo sobre a crise europeia, e temores de um novo aperto na política econômica chinesa, voltaram a assombrar os investidores. As principais Bolsas de Valores encerraram os negócios desta segunda-feira com modestas valorizações ou perdas, a exemplo da brasileira Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que chegou a operar com preços comparáveis a de outubro de 2009 no decorrer do pregão.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, retrocedeu 0,86% no fechamento, batendo os 62.866 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,90 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve alta de somente 0,05% na conclusão dos negócios.
O volume financeiro da Bolsa incorporou os R$ 2,42 bilhões do vencimento de opções sobre ações deste mês. Por meio das opções, os investidores podem negociar direitos de compra ou de venda de um ativo, por determinado preço. Esses direitos devem ser exercidos (ou não) num determinado prazo, quando usualmente aumenta o giro da Bolsa.
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No vencimento de opções deste mês, o contrato para venda da ação ordinária da OGX a R$ 20,75 foi o mais movimentado (R$ 487 milhões); a mesma ação, com preço de venda por R$ 19,75, foi a segunda opção mais negociada (R$ 463,5 milhões), enquanto a opção de venda sobre a ação preferencial da Vale, por R$ 43,64, foi o terceiro papel de maior giro (R$ 436,5 milhões).
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,812, em um acréscimo de 0,44% sobre o fechamento da semana passada. A taxa de risco-país marca 206 pontos, número 2,4% abaixo da pontuação anterior.
Preocupações com a China e a Europa ainda predominam entre os investidores, reduzindo o apetite por risco e levando uma corrida pelo dólar e à derrocada do euro, que hoje afundou para sua menor cotação em quatro anos.
Há dúvidas sobre a capacidade da Grécia em escapar de uma moratória. Em paralelo, o mercado teme que as medidas de rigor fiscal dos demais países, embora vistas como necessárias, determinem uma recuperação bastante longa e gradual do continente, freando o processo de retomada do crescimento global.
"Eu acredito que é um momento de teste, efetivamente, da resistência do euro. É o momento de haver uma correção dos problemas que já vem de longe", comenta Edison Marcelino, gerente de operações da corretora Finabank, questionando as especulações em torno da possível "extinção" da moeda: "assim como não se cria uma moeda da noite para o dia, também não se acaba com uma moeda da noite para o dia".
Os problemas do gigante asiático também estão no radar dos agentes financeiros, principalmente depois que Pequim revelou números robustos no setor industrial e varejista. "Diante do forte crescimento da atividade na China (...) o governo local deve anunciar em breve novas medidas de restrição monetária, com grande chance de haver aumento de juros e novas elevações de depósitos compulsórios", avalia a equipe de analistas da Spinelli Corretora, sintetizando opiniões correntes no mercado.
Expectativas
Entre as principais notícias do dia, o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, mostra que a maioria dos economistas elevou sua expectativa para a inflação deste ano, pela 17º semana consecutiva. O IPCA projetado de 2010 passou de 5,50% para 5,54%. A meta oficial para este ano é de 4,5%.
A balança comercial brasileira teve superavit de US$ 1,469 bilhão (média diária de US$ 146,9 milhões) no mês, alta de 129% acima do registrado em abril deste ano (US$ 64,2 milhões). O saldo comercial, no acumulado do ano, chegou a US$ 3,644 bilhões, com média diária de US$ 40 milhões. Por esse critério, houve queda de 52,9 % em relação ao mesmo período de 2009 (US$ 85 milhões).
Nos EUA, o desempenho do índice regional Empire State, que mede o nível de atividade do setor manufatureiro no distrito de Nova York, desapontou investidores. O índice teve uma leitura de 19 pontos neste mês ante 31,86 em abril. Economistas americanos ouvidos pela Thomson Reuters esperavam em torno de 30 pontos para maio.
Na sexta à noite, a Petrobras anunciou um lucro líquido de R$ 7,7 bilhões para o exercício do primeiro trimestre, em um aumento de 23% ante o resultado em igual período no ano passado. Na comparação com o quarto trimestre, o lucro da estatal cresceu 4%. A ação preferencial cedeu 0,79%, enquanto a ordinária desvalorizou 1,17%.