Conselho de Segurança de ONU se reúne para discutir sanções ao Irã 18/05/2010
- Agência EFE
O Conselho de Segurança das Nações Unidas fará uma reunião de emergência nesta terça-feira para discutir o projeto de resolução estipulado por seus cinco membros permanentes --Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido--, mais a Alemanha, para acirrar o regime de sanções ao Irã por seu programa nuclear.
"Vamos nos reunir para que nos expliquem o acordo ao qual chegaram e para que nos apresentem o texto", disseram à agência Efe fontes diplomáticas, acrescentando que a reunião será realizada às 18h (horário de Brasília).
A convocação foi feita pouco depois de a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciar, em Washington, que as potências negociadoras com o Irã chegaram ao acordo de uma resolução com novas sanções ao regime de Mahmoud Ahmadinejad.
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A chefe da diplomacia americana não forneceu detalhes sobre o conteúdo do documento, que estava sendo negociado em Nova York desde o início de abril.
Os dez membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU também não sabem os detalhes do novo pacote de sanções, embora tenham sido informados ao longo do último mês e meio sobre o desenvolvimento das negociações, disseram as fontes diplomáticas.
"A ideia é que distribuam o texto nesta reunião", afirmaram as fontes.
Acordo
O anúncio de Hillary pode ser considerado como uma rejeição ao acordo fechado pelo Irã com mediação do Brasil e da Turquia, apesar de a China -- a principal potência relutante em aplicar sanções ao Irã -- ter saudado o acordo e solicitado mais negociações com Teerã.
O acordo assinado ontem determina que o Irã envie 1.200 quilos de seu urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 120 quilos de urânio enriquecido a 20% na Rússia ou França -- suficiente para a produção de isótopos médicos em seus reatores e muito abaixo dos 90% necessários para uma bomba. O urânio enriquecido seria devolvido ao Irã no prazo de um ano.
A troca acontecerá na Turquia, país com proximidades com Ocidente e Irã, e sob supervisão da AIEA e vigilância iraniana e turca.
A troca de urânio iraniano em solo exterior era tema da proposta feita pelo grupo dos 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha) em outubro passado, sob mediação da AIEA. Na época, o Irã rejeitou a proposta por falta de garantias da entrega do urânio enriquecido e, em fevereiro passado, iniciou o enriquecimento de urânio a 20% em seu próprio território.
Negociações
O Brasil deseja participar, ao lado da Turquia, das negociações do chamado grupo 5+1, formado pelos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha, sobre o programa nuclear iraniano.
As declarações foram dadas nesta terça-feira em Madri por Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, disse que o acordo "fecharia o caminho" para a possibilidade que a comunidade internacional imponha novas sanções ao regime iraniano.
Além disso, o chefe da diplomacia brasileira acrescentou que o acordo representaria o princípio para abordar "outras questões sobre o conflito nuclear".
Amorim destacou que foi a primeira vez em que o Irã se comprometeu por escrito a enviar urânio ao exterior para recuperá-lo tempo depois, como já propuseram Rússia, Estados Unidos e Reino Unido em novembro do ano passado.
Nesta ocasião, explicou o ministro brasileiro, o Irã recebeu as garantias que pedia para fechar um acordo.