Bovespa recua 0,80% no fechamento; mercados europeus e americanos caem 07/06/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
O mercado brasileiro de ações não resistiu ao pessimismo externo. Além de agenda "cheia" para esta semana (PIB e Copom no Brasil, Livro Bege nos EUA, entre outros), os problemas da Hungria desanimaram os investidores, que já se animavam com a ausência de notícias "dramáticas" sobre o velho continente.
Para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) desta semana, boa parte dos economistas estima que o comitê de diretores do Banco Central deve optar por um reajuste da taxa Selic de 9,50% ao ano para 10,25%.
O Ibovespa, principal termômetro dos investimentos, recuou 0,80% no fechamento, aos 61.182 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,95 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, cedeu 1,16% no encerramento das operações..
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As principais Bolsas europeias fecharam em queda hoje, a exemplo de Londres (baixa de 1,11%) e Frankfurt (retração de 0,57%).
As ações da Petrobras impediram uma queda ainda maior da Bolsa brasileira. Com a perspectiva de que finalmente o plano de capitalização seja apreciado no Congresso, alguns investidores voltaram a procurar os papéis da petrolífera. A ação preferencial teve ganho de 0,92% enquanto a ordinária valorizou 0,56%.
A ação preferencial da Vale, ativo mais movimento da Bovespa (giro de R$ 720 milhões), subiu 0,85%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,878, em alta de 1,02%. A taxa de risco-país marca 244 pontos, número 0,41% acima da pontuação anterior.
Por enquanto, não há sinais no horizonte de elementos capazes de reverter esse ambiente de pouca confiança entre os investidores. Persistem os temores com os problemas dos países europeus e o risco de contágio da economia real. Nos EUA, embora exista a clara percepção de melhora da economia, os dados seguem com aspectos contraditórios, colocando dúvidas acerca do ritmo e sustentabilidade da recuperação", comenta Silvio Campos Neto, economista-chefe do banco Schahin, em relatório sobre perspectivas da semana.
Duas das maiores economias da Europa anteciparam medidas para reduzir o deficit público, numa resposta à crise recente.
A chanceler alemã Angela Merkel anunciou um plano corte de 80 bilhões de euros em gastos públicos até 2014, o maior desde a Segunda Guerra Mundial. "Temos de assegurar o futuro de nosso país", declarou.
E o primeiro-ministro britânico David Cameron advertiu que o déficit público é ainda maior do que se pensava e deve afetar todo o "estilo de vida" da população local. "As decisões que tomarmos afetará cada um neste país. E os efeitos dessas decisões nos acompanharão durante anos, talvez décadas à frente", afirmou hoje. O governo deve anunciar um plano de cortes de gastos públicos nos próximos dias.
O boletim Focus mostrou que a maioria dos economistas no Brasil reduziu, ainda que ligeiramente, suas projeções para a inflação deste ano: o IPCA projetado cedeu de 5,67% para 5,64%. As estimativas para a Selic neste ano e no próximo foram mantidas em, respectivamente, 11,75% ao ano e 11,50%.
A balança comercial mostrou superavit de US$ 1,14 bilhão na primeira semana de junho. No acumulado deste ano, o saldo comercial está positivo em US$ 6,762 bilhões, ante US$ 10,5 bilhões no mesmo período em 2009.