Bovespa fecha em alta de 2,55%, puxada por ações de mineradoras e bancos 10/06/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
O investidor continua a deixar de lado a crise na Europa, num "hiato" de más notícias, e focou nos números que vieram da China. O crescimento da balança comercial numa taxa acima do esperado entusiasmou investidores, que correram para as ações de mineradoras e siderúrgicas, abatidas pelas perdas recentes das Bolsas de Valores.
No Brasil, ações de bancos também subiram com força, após um novo aumento da taxa de juros doméstica, num ciclo de alta que ainda não terminou, segundo a visão de muitos economistas.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, teve ganho de 2,55% no fechamento, retornando aos 63.048 pontos. O giro financeiro, de R$ 5 bilhões, segue abaixo da média de maio (R$ 7 bilhões/dia). Nos EUA, o índice Dow Jones (da Bolsa de Nova York) teve alta de 2,76% no encerramento das operações.
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O Senado aprovou ontem à noite o projeto para capitalização da Petrobras, que ainda deve passar pelo crivo da Câmara. As ações da estatal petrolífera subiram 1,18%, no caso das preferenciais, e 1,12%, no caso das ordinárias.
Somadas, as ações movimentaram menos de R$ 700 milhões, enquanto a ação preferencial da Vale, que teve ganho de 1,97%, teve giro de R$ 737 milhões.
"Nós não vimos os papéis disparando tanto, apesar dessa notícia ser vista como um 'grande passo' para o processo de capitalização. Acho que é aquele caso clássico de as ações sobem no 'boato' e caem no fato. Quando saiu a aprovação aconteceu finalmente, o mercado não se entusiasmo tanto", comenta Pedro Braz, da mesa de operações da TOV Corretora, lembrando que os papéis da estatal já vinham subindo nos últimos pregões.
Entre os ativos de maior volume financeiro, a ação preferencial da Gerdau teve alta de 4,29%; a ação ordinária da MMX valorizou de 6,12% e ação preferencial da Usiminas, outros 5,85%. No setor bancário, a ação do Itaú-Unibanco ascendeu 2,68%, enquanto a ação ordinária do BB teve ganho de 1,94%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,810, em um decréscimo de 2,05%. A taxa de risco-país marca 232 pontos, número 5,7% abaixo da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, a China revelou que o volume exportado teve um aumento de 48,5% em maio, na comparação com igual mês de 2009, enquanto as importações cresceram 48,3% na mesma base de comparação. Os números da economia chinesa vieram mais fortes do que o esperado por muitos economistas do setor financeiro.
No Estados Unidos, o governo revelou uma queda na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego, um importante indicador da saúde do mercado de trabalho local. A cifra atingiu 456 mil solicitações iniciais na semana passada, mas os economistas esperavam um número ainda menor: 450 mil.
Ainda no front externo, o BCE (Banco Central Europeu) manteve a taxa básica de juros, vigente entre os países da zona do euro, em 1% pelo 13º mês consecutivo. O Banco Central da Inglaterra também manteve sua taxa de juros em seu nível mínimo histórico de 0,5%.
O governo japonês estimou um crescimento econômico de 1,2% no primeiro trimestre deste ano, acima das expectativas do mercado (1%).
Ontem à noite, o Banco Central brasileiro decidiu ajustar a taxa básica de juros do país de 9,50% para 10,25%, em linha com as expectativas do setor financeiro. Analistas avaliam que a decisão deve ter efeito nulo sobre os negócios de hoje. Há divergências entre economistas sobre os próximos aumentos da taxa Selic.