Venda de boi na bolsa atinge R$ 600 mil 16/06/2010
- Leandro Costa - O Estado de S.Paulo
Criada em abril deste ano, a comercialização de carne bovina na Bolsa Brasileira de Mercadorias, braço da BM&FBovespa, já movimentou cerca de R$ 600 mil em negociações.
Considerando o tamanho da pecuária brasileira, o número pode até parecer pequeno. Para dirigentes de corretoras e da bolsa, porém, ele é significativo, já que a negociação física de bois na bolsa de valores é algo totalmente novo para pecuaristas e frigoríficos. De acordo com o assessor de Novos Negócios da Bolsa Brasileira de Mercadorias, Edilson Alcântara, em abril, mês em que a modalidade de negociação foi lançada, foram negociados 32 animais, a um valor total de R$ 31 mil.
No mês seguinte esse número se multiplicou. Em maio, 624 animais ou R$ 440 mil foram comercializados. Só nas primeiras semanas de junho dois lotes totalizaram 800 cabeças. "O potencial de negociações é grande, podendo chegar a R$ 1 milhão por semana. Mas isso não será instantâneo. É preciso de tempo para que os pecuaristas de acostumem a operar na bolsa", diz Alcântara.
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O diretor da corretora Ativacon, Carlos Dupas, que na última semana intermediou a oferta de 25 bois de um pecuarista, vê boas perspectivas à medida que houver a acomodação à ferramenta. Segundo os especialistas, a vantagem para o produtor é a segurança. "A partir do momento em que faz uma venda, o produtor espera em média 30 dias para receber."
Segundo ele, por meio da bolsa, o pagamento é quase à vista, pois quem compra tem que depositar no ato da assinatura do contrato 90% do valor total, e tem 10 dias úteis para depositar o resto. "Essa segurança é algo vital, pois nos últimos anos muitos frigoríficos grandes, como o Independência, causaram prejuízo para pecuaristas."
Do outro lado, a vantagem estará no fim da irregularidade da oferta, que gera problemas de escala para os frigoríficos. "Em média, um frigorífico tem um funcionário para cada boi abatido/dia. Imagine uma planta com mil funcionários com problemas de ociosidade", diz Alcântara.
Como funciona a negociação
O diretor da corretora Ativacon, Carlos Dupas, explica que há duas formas de vender bois na Bolsa Brasileira de Mercadorias.
"A primeira é a negociação de balcão, que se assemelha muito com o procedimento tradicional, no qual pecuarista e frigorífico negociam diretamente. A diferença é que ele registra essa operação na bolsa e o frigorífico tem que fazer o depósito de 90% do valor na bolsa de garantias."
A segunda modalidade, segundo Dupas, é o pregão, no qual o pecuarista oferta o lote e define um preço mínimo. A partir daí, o boi é disputado pelos frigoríficos.
"Aí há três possibilidades: ou o criador vende pelo preço mais alto atingido no pregão; pelo preço mínimo ou por um preço abaixo do mínimo. Neste caso, com a anuência do ofertante".