Bovespa fecha em alta de 0,48%; mercado tem dia instável 16/06/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve um dia volátil, afetado pela bateria de indicadores econômicos revelados nos EUA, que mostraram pontos fracos e fortes na recuperação da maior economia mundial. Analistas destacaram "fatores técnicos" (vencimento de opções) na trajetória da Bolsa brasileira, na contramão dos mercados americanos.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, valorizou 0,48%, aos 64.759 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,72 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones (da Bolsa de Nova York), teve leve ganho de 0,05% na conclusão das operações.
"Hoje o movimento foi afetado principalmente pelo vencimento de opções [sobre índice]. E não dá para esquecer o vencimento de opções sobre ações na segunda. Toda semana que tem esses vencimentos, o mercado fica muito mais volátil. Acho que é a principal explicação para essa queda de 1% das ações da Vale e essa alta de 2% nas ações da Petrobras", comenta Antonio Cesar Amarante, analista da corretora carioca Senso.
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Opções são instrumentos financeiros, negociados na Bolsa, em que se transacionam direitos de compra ou de venda de um ativo, mediante o pagamento de um "prêmio". No vencimento dessas opções, quem adquiriu esse instrumento deve exercer, ou não, esse direito. É natural nessas datas que o volume financeiro da Bovespa fique bem acima do normal, a exemplo do pregão de hoje.
Para os lançadores de opções, interessa que esses instrumentos virem "pó" (não sejam exercidos), para embolsar o prêmio sem "o ônus" de ser obrigado a vender (ou comprar) o ativo, conforme o direito de quem adquiriu o instrumento (os chamados "titulares").
A Bolsa tende a ganhar volatilidade na medida em que esses agentes "brigam" no mercado para influenciar a formação dos preços dos ativos no qual se baseiam as opções.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,790, em um declínio de 0,16%. A taxa de risco-país marca 224 pontos, número 1,35% acima da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o diário britânico "Financial Times" reportou hoje que várias instituições financeiras espanholas pediram somas recordes para o BCE (Banco Central Europeu) no mês passado, o que foi visto por analistas como a confirmação das dificuldades do setor bancário local frente à crise. Em maio, a intervenção do governo espanhol sobre a pequena instituição financeira Cajasur gerou nervosismo nos mercados.
Nos EUA, o Departamento de Trabalho informou que o PPI (índice de preços ao produtor) apontou deflação de 0,3% em maio. Trata-se do segundo mês consecutivo de recuo nos preços do atacado. Economistas do setor financeiro esperavam uma deflação ainda maior, de 0,5%.
O Federal Reserve (banco central) divulgou que a produção industrial teve aumento de 1,2% em maio, acima das expectativas do setor financeiro.
Ainda sobre a economia americana, o setor imobiliário apontou queda de 10% no total de construções iniciais de casas no mês passado. As solicitações iniciais para construções, no mesmo período, tiveram retração de 5,9%. Os números foram ainda piores do que o esperado por analistas.
No front doméstico, a FGV apontou uma inflação de 1,30% em junho, pela leitura do IGP-10, ante 1,11% em maio. Nos últimos 12 meses, o índice subiu 5,03%, enquanto o ano o acumulado é de 5,55%. Economistas do setor financeiro esperava uma variação de 1,2% para o período.
O IBGE apontou um decréscimo histórico de 3% nas vendas do comércio em abril, por conta dos aumentos nos preços de alimentos.