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DIA A DIA
Saques causam brigas em cidade de AL; chuvas matam 41 no Nordeste
23/06/2010
- Fábio Guibu e Daniel Marenco - Folha de S.Paulo

Voltou a chover ontem (22) em União dos Palmares (a 80 km de Maceió), mas a preocupação das pessoas que perderam suas casas com a cheia do rio Mundaú era outra: evitar os saques dos entulhos que restaram das moradias.
Com mais três corpos localizados em Alagoas, chegou a 41 o total de mortes causadas pelos temporais da última semana no Estado e em Pernambuco. Mais de 116 mil pessoas estão fora de casa. Em União dos Palmares, cidade com 62 mil habitantes, foram ao menos nove mortes.
Roubos de portões e janelas metálicas, eletrodomésticos e, principalmente, botijões de gás se acentuaram ontem na cidade, causando até brigas e tumultos entre as ruínas na madrugada.
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"Tive que dar uns safanões no ladrão", disse o funileiro José Cícero Medeiros de Moura, 36, que acampou nos escombros da sua casa e flagrou um saqueador. "O pior é que ele levou o meu botijão." Moura passa os dias retirando entulhos, na tentativa de encontrar objetos de valor. Até ontem, havia recuperado um portão e uma janela.
Veículos da Polícia Militar fazem rondas nas áreas destruídas, mas os PMs dizem que é difícil conter os saqueadores, já que não há como identificá-los sem denúncia.
Nas áreas destruídas, centenas de pessoas circulam, transportando objetos em sacos, carroças, caminhões e carrinhos de mão.
Ontem, muitos recolhiam tijolos, telhas e outros materiais de construção intactos para tentar reconstruir suas casas.
Nas escolas transformadas em abrigos provisórios, a falta de água é o principal problema. O odor nas áreas fechadas e próximas aos sanitários é insuportável.
R$ 100 milhões
Ontem, a União anunciou que adiantará R$ 100 milhões como ajuda inicial. A primeira parcela para cada Estado, de R$ 25 milhões, foi liberada. Outras duas, de R$ 25 milhões, deverão ser disponibilizadas hoje.
Segundo a ministra Erenice Guerra (Casa Civil), a verba será usada na compra de água potável e comida e na locação de máquinas e caminhões. Também serão enviadas 75 mil cestas básicas.
O pagamento do Bolsa Família nas cidades afetadas também será antecipado. A ministra afirmou que haverá mais recursos emergenciais para os Estados.
Hoje, o presidente Lula deverá passar pelas regiões.
R$ 400 milhões
Alagoas prevê que a reconstrução dos municípios atingidos leve ao menos três anos. Pernambuco, um ano. O custo é estimado em, ao menos, R$ 400 milhões.
Em Alagoas, sete das 22 cidades afetadas estão em calamidade pública. Com os corpos achados em Branquinha, o Estado tem 29 mortes. Mais de 600 pessoas estão desaparecidas -saíram de casa e não foram localizadas. Foram destruídas 11.515 casas. Em Pernambuco, são 12 mortos e 30 cidades em emergência. Mais de 6.000 casas e 69 pontes foram destruídas ou danificadas.


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