Bovespa recua 1,68% no fechamento, com perda de 2,5% no mês 30/06/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A onda de aversão ao risco que tomou conta dos mercados na jornada de ontem ainda fez estragos no pregão desta quarta-feira, derrubando as Bolsas americanas e a brasileira Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
A expectativa de que, no último pregão, os grandes gestores de recursos puxariam o mercado, tentando fechar o mês com sinal positivo não se concretizou, com o pessimismo sobre a evolução da economia mundial.
No mês, a Bovespa acumula desvalorização de 2,5% no mês e de 11,2% no ano. Já a taxa de câmbio recuou 0,8% no mês, mas no ano tem alta de 3,6%.
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O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, retrocedeu 1,68% no fechamento, aos 60.935 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,38 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York caiu 0,98% na conclusão das operações.
"O mercado até tentou uma recuperação à tarde, mas pesou mais a perspectiva de que o crescimento chinês não deve se manter, e isso reforçou o movimento de 'realização de lucros' [vendas]", comenta Leandro Martins, analista da corretora Walpires. "O mercado está com um sentimento muito negativo. Há um consenso em torno de um receio pela economia mundial e acho que as Bolsas devem 'andar de lado' [sem firmar uma tendência] no médio prazo", acrescenta.
Ontem, o humor dos investidores tomou um baque com a divulgação de um sondagem privada, apontando uma possível desaceleração da economia chinesa nos próximos meses. A notícia encontrou um ambiente de negócios já relativamente deprimido por uma série de indicadores ruins nos EUA, apontando um mercado de trabalho ainda fraco e um setor imobiliário claudicante.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,804, em baixa de 0,38%. A moeda americana oscilou entre R$ 1,807 e R$ 1,790.
Entre as principais notícias do dia, a consultoria de recursos humanos ADP divulgou a projeção de que foram criados 13 mil postos de trabalho no setor privado dos EUA em junho, ante 57 mil em maio (dado revisado). Economistas esperavam uma cifra maior, na casa dos 55 mil.
Trata-se do quinto mês consecutivo em que as contratações superam as demissões, pelos cálculos dessa pesquisa, que é vista como um antecedente do boletim oficial (o 'payroll') previsto para sexta.
No front doméstico, o destaque fica por conta do Banco Central, que revisou para cima sua projeção de crescimento para o país neste ano --de 5,8% para 7,3%.
E a pesquisa do Seade/Dieese apontou uma taxa de desemprego de 13,2% em maio, ante 13,3% em abril. Trata-se da menor taxa para um mês de maio desde 1991.