A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) ganhou ímpeto renovado na jornada desta terça-feira, a reboque do otimismo global com a temporada de balanços nos EUA. Investidores viram com bons olhos os números da Alcoa e dispararam ordens de compra, em busca de ações a preços atrativos após a desvalorização vista nos últimos pregões.
Amanhã à noite, a China deve divulgar uma bateria de indicadores importantes (PIB, produção industrial, vendas do varejo), que devem por à prova o "bom humor" dos mercados.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, avançou 1,15%, aos 63.685 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,56 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 1,44%.
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O dólar comercial foi trocado por R$ 1,753, em queda de 0,67%. A taxa de risco-país marca 211 pontos, número 4,09% abaixo da pontuação anterior. Profissionais do setor têm dúvidas se a taxa de câmbio deve ficar muito abaixo do patamar atual.
"Acho que o Banco Central já mostrou várias vezes que quer ver o dólar oscilar numa faixa de R$ 1,75 a R$ 1,85, ou R$ 1,90, até o final do ano. E o próprio mercado não acredita numa queda muito maior", comenta Luiz Carlos Baldan, diretor da corretora Fourtrade, lembrando que, no boletim Focus, a projeção para a taxa cambial de dezembro é mantida há várias semanas em R$ 1,80.
Na noite de segunda-feira, a Alcoa iniciou a temporada de balanços apresentando um lucro de US$ 136 milhões, ou US$ 0,13 por ação, relativo ao segundo trimestre. Tão importante quanto os dados, a companhia afirmou que o consumo de alumínio vai crescer neste ano em um ritmo acima do previsto anteriormente.
"O mercado vai prestar atenção, principalmente, às projeções das empresas para os próximos meses. Se o 'guidance' [expectativa] para o consumo for positiva, o mercado vai gostar", avalia Patrícia Branco, sócia-gestora da Global Equity. "Hoje, foi a perspectiva da Alcoa de que o consumo de alumínio cresça nos outros trimestres que deu sustentação aos mercados hoje, porque as notícias, no geral, foram muito ruins", acrescenta.
Entre as principais notícias econômicas do dia, o Departamento do Comércio dos EUA divulgou nesta terça que o deficit comercial desse país subiu para seu maior nível em 18 meses, para US$ 42,3 bilhões em maio, ante os 40,3 bilhões do mês de abril.
Na Europa, a ONS (Escritório Nacional de Estatísticas, na sigla em inglês) apontou uma inflação de 0,1% em junho no Reino Unido, acima das expectativas do mercado (estabilidade). E o instituto de pesquisa Zew indicou uma queda no nível de confiança dos investidores na economia alemã em julho, para o menor patamar desde abril de 2009.
Ainda no front europeu, a agência Moody's rebaixou o "rating" (nota de risco de crédito) de Portugal, mas ainda mantendo o país na classificação "grau de investimento" (menor possibilidade de calote). A agência citou o aumento da dívida pública e as perspectivas mais pessimistas de crescimento.
E a Grécia ofereceu bônus do Tesouro ao mercado hoje, com uma demanda calculada em 1,625 bilhão de euros (US$ 2,04 bilhões).
No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o volume comercializado no varejo subiu 1,4% naquele mês, depois de cair 3,1% em abril, conforme dados corrigidos pelo instituto.