Bovespa tem leve alta no fechamento; China e EUA afetam mercados 15/07/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) passou boa parte do pregão desta quinta-feira em queda e somente alguns ordens de compra, muito próximas ao encerramento dos negócios, tiraram o mercado brasileiro de ações do campo negativo. A bateria de indicadores dos EUA, e principalmente da China, contribuiu para aumentar a aversão ao risco dos investidores.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,02%, aos 63.489 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,07 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones recuou 0,07% na conclusão das operações da Bolsa de Nova York.
"Para mim, já é indiscutível que a economia chinesa está num processo de desaceleração, ainda que gradual. Mas ninguém sabe como devem vir os indicadores dos próximos meses, e com essa incerteza, o mercado começa a estressar", avalia Ivanor Torres, chefe da área de análise da Gradual Investimentos.
PUBLICIDADE
Mário Paiva, analista da BGC Liquidez, destaca os indicadores regionais bastante ruins divulgados por duas divisões regionais do BC americano (Nova York e Filadélfia). "Esses indicadores reforçaram as projeções do 'Fed' de ontem [que rebaixou as expectativas de crescimento do país]. Quer dizer, mostraram uma economia em desaceleração, mesmo com o todo o esforço, todos os dólares já injetados na economia [nos meses anteriores]", comenta.
O dólar comercial foi trocado por R$ 1,772, em alta de 0,45%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,781 e R$ 1,752.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA revelou que houve deflação de 0,5% no mês de junho, após outro declínio de 0,3% em maio, pela leitura do PPI (índice de preços ao produtor, na sigla em inglês). Economistas do setor financeiro estimavam uma variação negativa de 0,3% para o período.
O mesmo órgão reportou uma demanda menor pelos benefícios do auxílio-desemprego, um importante termômetro do mercado de trabalho local. Os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA caíram para 429 mil -- queda de 29 mil pedidos em relação ao último levantamento de 458 mil (dado revisado). A redução foi ainda mais acentuada do que o esperado por analistas do mercado.
Ainda nos EUA, o Federal Reserve (banco central) informou que a produção industrial do país teve um crescimento de 0,1% em junho, ante uma expansão de 1,3% em maio. Analistas esperavam um decréscimo de 0,1% neste período.
No front corporativo, o banco JP Morgan apresentou um lucro de US$ 4,8 bilhões, ou US$ 1,09 por ação, no período do segundo trimestre, contra US$ 2,7 bilhões, ou US$ 0,28 por ação, um ano antes. O resultado foi melhor do que o previsto por economistas.
Ontem à noite, Pequim divulgou uma série de indicadores econômicos, com destaque para o PIB, cujo ritmo de crescimento foi de 10,3% no segundo trimestre ante 11,9% nos primeiros três meses do ano. Economistas esperavam um avanço de pelo menos 10,5%. A produção industrial e as vendas do setor varejista cresceram em ritmo mais lento do que estimado por analistas do mercado.
Outra notícia importante do gigante asiático ficou por conta da Baosteel, líder do setor siderúrgico local, que negou a notícia de que as usinas chineses devem recorrer ao minério de ferro doméstico, em lugar do fornecimento de Brasil e Austrália.
Internamente, o Ministério do Trabalho divulgou que houve uma geração recorde de postos de trabalho formais no primeiro semestre (1,473 milhão de vagas). Dentre os oito setores da economia, em seis houve um saldo recorde de vagas.