Bovespa fecha em queda de 1,81% e perde quase 2% na semana 16/07/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou a semana no campo negativo, num dia de fortes nas Bolsas americanas, sua principal referência externa. Novos indicadores reforçaram a percepção de que a economia dos EUA está em processo de desaceleração, o que animou ordens de compra entre os investidores.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, recuou 1,81% no fechamento, aos 62.339 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,24 bilhões, bastante abaixo da média anual (em torno de R$ 6 bilhões/dia). Nos EUA, o índice Dow Jones teve decréscimo de 2,52% nas últimas operações na Bolsa de Nova York.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,782, em um avanço de 0,56%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,789 e R$ 1,764.
PUBLICIDADE
"Nós notamos por aqui que, principalmente depois que saiu o índice de Michigan, os ânimos pioraram bastante. Você veja que a Bolsa de Nova York está caindo hoje mais de 2%. E nós temos que lembrar o problema da China. Já faz muito tempo que o mercado espera que esse país cresça menos, o que também preocupa", comenta Glauber Romano, profissional da corretora Intercam.
Entre as primeiras notícias do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA apontou uma deflação de 0,1% em junho, após outra deflação de 0,2% em maio e de 0,1% em abril.
A Universidade de Michigan revelou uma queda drástica em seu índice de confiança dos americanos na economia local, um termômetro consagrado sobre as expectativas de consumo nos EUA. O índice divulgado pelo instituto nesta sexta-feira teve leitura de 66,5 pontos, ante 76 pontos em junho. Trata-se do menor patamar nos últimos 11 meses.
A inflação brasileira medida pelo IGP-10 teve variação de 0,05% em julho, acima das projeções de economistas (0,23%).
No front corporativo, a GE voltou a apresentar lucros num trimestre após nove meses de perdas. A gigante americana apurou um lucro líquido de US$ 3,03 bilhões para o segundo trimestre do ano, ou um US$ 0,30 por ação, ante US$ 2,61 bilhões um ano antes. Economistas esperavam um ganho de US$ 0,27 por ação.
Já o Citigroup registrou lucro de US$ 2,7 bilhões no segundo trimestre, ou de US$ 0,09 por ação, num decréscimo de 37% sobre os resultados para o mesmo período no ano passado. Mesmo assim, a cifra bateu as expectativas dos analistas, que projetavam ganho de US$ 0,05 por ação.
Outro banco americano importante, o Bank of America, apurou um lucro de US$ 2,78 bilhões no segundo trimestre, em um crescimento de 15%, também superando as projeções de mercado.
Copom
Boa parte dos economistas do setor financeiro avalia que o Comitê de Política Monetária deve ajustar a taxa básica de juros dos atuais 10,25% ao ano para 11% na reunião marcada para semana que vem, mesmo com o cenário de desaceleração da economia mundial, e brasileira, previsto para este semestre.
"O ciclo de aperto monetário continuará focado na atividade no horizonte de médio e longo prazo, mais especificamente na necessidade de desacelerar a demanda, de forma duradoura, para uma taxa próxima ao crescimento potencial, ou inclusive abaixo desta", comenta a equipe de analistas da Convenção corretora, em relatório sobre mercado financeiro.
Para os economistas da corretora, ainda uma série de fatores que deve continuar a afetar a economia nos próximos meses, entre eles, o mercado de trabalho aquecido, os efeitos defasados dos estímulos fiscais já concedidos, e a expansão do crédito, puxada primeiro pelos bancos públicos e agora, pelo setor privado.