Bovespa fecha quase estável com piora nos EUA após discurso de Bernanke 21/07/2010
- Giuliana Vallone - Folha Online
Em um dia de agenda fraca, o que acabou dando o tom dos negócios no mercado foi o pronunciamento do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Ben Bernanke no Senado. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que chegou a subir pouco mais de 1% ao longo do dia, virou após o discurso --que prejudicou o mercado em Nova York-- e acabou fechando praticamente estável.
"A Bovespa teve uma alta razoável nos últimos dias, então é normal esse processo de realização de lucros. Mas isso não caracteriza uma mudança de tendência no mercado", afirmou Huang Kuo Seed, gestor da Grau Investimento.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, subiu 0,02% no fechamento, aos 64.476 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,66 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones teve queda de 1,07% nas últimas operações na Bolsa de Nova York.
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O dólar comercial foi vendido por R$ 1,784, em alta de 0,56%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,770 e R$ 1,786.
Em testemunho preparado para apresentação ao Comitê Bancário do Senado, Bernanke afirmou que as perspectivas econômias no país continuam "atipicamente incertas". Ele disse, porém, que o banco central está pronto para adotar mais medidas para impulsionar o crescimento se for necessário.
Bernanke acrescentou que as autoridades do Fed acreditam que a economia norte-americana ainda está no caminho para a recuperação. "Embora a política fiscal e a reconstrução de estoques devam fornecer menos ímpeto para a recuperação do que nos trimestres passados, a maior demanda das famílias e dos empresários ajudará a sustentar o crescimento."
Mais cedo, as Bolsas dos EUA operavam em tendência indefinida, em meio a notícias distintas sobre o desempenho das companhias no segundo trimestre.Enquanto Apple, Coca-Cola e dois grandes bancos tiveram resultados acima do esperado, o balanço do Yahoo desapontou o mercado.
Por aqui, a alta nas ações de siderurgia e mineração, beneficiadas pela notícia de que a China poderia reduzir as medidas de aperto monetário, foi reduzida pela piora do cenário externo.
Além disso, hoje é dia de decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre o futuro da taxa básica de juros do país, a Selic, atualmente em 10,25% ao ano. As apostas do mercado se dividem entre alta de 0,5 ou 0,75 ponto percentual.
Antes aposta majoritária, a alta de 0,75 perdeu espaço para a aposta de elevação de 0,5 nos últimos dias, especialmente após a divulgação, ontem, do IPCA-15, prévia da inflação oficial. O índice registrou deflação de 0,09% em junho, apontando uma redução das pressões inflacionárias.
Para Seed, se a alta definida pelo Banco Central for de 0,75 ponto, é possível que isso tenha um impacto nas negociações da Bovespa e do mercado de câmbio na quinta-feira. "Setores mais sensíveis a alta de juros vinham performando bem nos últimos dias, com a perspectiva de uma alta menor na Selic [de 0,5 p.p]", disse.