Presidente do Paraguai passa a noite internado em hospital em São Paulo 10/08/2010
- Agências nacionais e internacionais
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, passará a noite desta terça-feira internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, informa o jornal paraguaio ABC Color. Ele está realizando exames médicos mais detalhados sobre seu linfoma, diagnosticado na semana passada.
"Os exames avançam em bom ritmo e o presidente Fernando Lugo está animado, colaborando com os médicos e fazendo piadas com os funcionários do hospital", disse na tarde de hoje Miguel Ángel López Perito, chefe de gabinete da Presidência do Paraguai, segundo o jornal.
Os resultados médicos serão apresentados nesta quarta-feira, junto ao estudo da biópsia feita no Paraguai. Em seguida, o médico Frederico Costa, oncólogo que supervisiona a equipe médica de Lugo, deve anunciar o diagnóstico oficial e o tratamento a ser adotado contra o linfoma.
PUBLICIDADE
Lugo, 59, veio ao Brasil acompanhado de uma equipe e médicos, em um avião da Força Aérea Brasileira, cedido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O cardiologista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Roberto Kalil Filho, esperou Lugo no aeroporto de Congonhas e depois o acompanhou no helicóptero que o levou até o Sírio-Libanês.
Ele foi internado "para a realização de exames complementares da hipótese diagnóstica de linfoma", informou um boletim emitido pelo hospital, segundo o qual cinco médicos brasileiros e dois paraguaios estão cuidando do governante.
PREMATURO
Em breves declarações à imprensa, Kalil Filho considerou "prematuro" dizer se Lugo será submetido a uma quimioterapia e acrescentou que o diretor do centro de oncologia do hospital, Paulo Hoff, "determinará se há necessidade de algum tratamento quimioterápico".
Segundo Kalil Filho, o hospital emitirá amanhã um novo boletim sobre o tratamento a ser seguido depois que o presidente for examinado por Hoff.
O médico acrescentou que ontem a equipe recebeu "mostras de material" extraídas do líder, que servirão para diagnosticar o estado em que se encontra o câncer.
Kalil Filho, que falou com a imprensa com a condição de que suas declarações não fossem gravadas, por tratar-se da saúde de um chefe de Estado estrangeiro, disse que após sua chegada ao hospital, Lugo foi hospedado em um quarto comum, fora do setor de oncologia.
Segundo ele, desde que o governo brasileiro ofereceu a Lugo a ajuda necessária para tratar-se da doença em São Paulo, Lula ligou para ele em várias ocasiões para coordenar a chegada do presidente paraguaio e já foi avisado sobre sua internação no hospital.
AVANÇADO
O médico Boccia afirmou nesta segunda-feira que o linfoma diagnosticado no presidente encontra-se avançado, porque afeta os gânglios em cima e embaixo do diafragma, mas a doença é tratável com quimioterapia a ser realizada no Paraguai.
O diagnóstico inesperado do presidente de 59 anos --que pôs fim a mais de seis décadas de governo conservador no país-- causou um rebuliço político pela possibilidade de ele não concluir o mandato de cinco anos em 2013.
Em princípio, Lugo teria de se submeter a seis sessões de quimioterapia a cada três semanas, tratamento que, segundo Boccia, é menos agressivo que em outros tipos de cânceres e o permitiria até mesmo a tomar decisões vinculadas ao exercício do cargo durante seu desenvolvimento.
Especialistas independentes disseram que uma provável quimioterapia pode enfraquecê-lo e afetar suas atividades, mas o ministro Santos assegurou que o processo de mudanças iniciado por Lugo, que pôs fim a mais de seis décadas de governo de direito quando assumiu a Presidência, em agosto de 2008, seguirá adiante.
"Estou otimista e acredito que isto não vai mudar o processo político, não vai mudar a gestão burocrática e servirá para unir os paraguaios ainda mais", disse o ministro, acrescentando que Lugo deu indicações para que os tratamentos sejam feitos nos finais de semana, para não afetar seu trabalho.
GOVERNO
Ex-bispo católico de 59 anos de idade, Lugo completará esta semana seus dois primeiros anos na presidência de um dos países mais pobres da América do Sul, quarto maior exportador mundial de soja e importante fornecedor de carne bovina aos países da região.
Sua gestão foi marcada pelos escândalos de paternidade em que se viu envolvido depois de reconhecer um filho concebido quando ainda era sacerdote e por conflitos com o Congresso, dominado pela oposição, e com seu vice, Federico Franco, primeiro na linha de sucessão.
O presidente socialista, que levou adiante programas sociais de combate à pobreza e assumiu a luta contra a corrupção arraigada nas instituições estatais, enfrentou queixas também por problemas de segurança, a principal preocupação dos paraguaios.