Bovespa fecha em queda de 1,11%, pressionada por ações da Petrobras 19/08/2010
- Giuliana Vallone - Folha Online
Afetada pela piora do clima nos mercados internacionais após a divulgação de dados ruins nos Estados Unidos e por uma nova desvalorização nas ações da Petrobras, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) interrompeu uma sequência de cinco sessões em alta e fechou em queda nesta quinta-feira.
"Os indicadores lá fora têm mostrado que a recuperação dos Estados Unidos vai ser lenta. E isso já está de certa forma precificado pelo mercado. O problema é quando há uma sequência de dados ruins", afirmou Eduardo Otero, da UM Investimentos.
Ele ressalta, porém, que o que realmente pesou para a queda da Bolsa paulista hoje foi a baixa nas ações da Petrobras. "O mercado no exterior não foi bom, mas se a gente descontasse o efeito da Petrobras, a nossa Bolsa teria ido até razoavelmente bem", "Mas com essa âncora não dá."
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O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, caiu 1,11% no fechamento, aos 66.887 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,3 bilhões. Nos Estados Unidos, o Dow Jones registrou baixa de 1,39%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,757, em alta de 0,22%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,754 e R$ 1,765.
Os papéis da Petrobras vêm sofrendo com as incertezas sobre o processo de capitalização da companhia. Ontem, a notícia de que o megainvestidor George Soros vendeu no segundo trimestre todas as suas aplicações em papéis da companhia estatal prejudicou as ações.
Nesta quinta, notícias de que a companhia poderia pagar um preço maior que o esperado pelos barris de petróleo do pré-sal que serão cedidos pelo governo em seu processo de capitalização voltaram a prejudicar os papéis.
Em nota, a companhia afirmou que "a cessão onerosa continua em negociação e que a companhia vem trabalhando para cumprir seu cronograma de realizar eventual oferta pública de ações em setembro. Até o momento, qualquer discussão sobre o valor dos barris da cessão onerosa é mera especulação, isso porque os laudos das certificadoras ainda não estão prontos."
As ações preferenciais registraram queda de 3,25%, enquanto as ordinárias caíram 3,64%.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos anunciou hoje que os pedidos de auxílio-desemprego subiram em 12 mil na última semana, para 500 mil --maior nível em nove meses. A previsão do mercado era de que o número registrasse leve queda.
O desemprego em alta é considerado o principal entrave à recuperação da economia norte-americana, porque as preocupações da população com seus empregos fizeram com que os consumidores reduzissem seus gastos --o consumo das família é o principal motor da atividade econômica no país.
Além disso, o Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) da Filadélfia divulgou que a atividade manufatureira na região caiu em agosto.
Os dados ruins foram divulgados minutos após os índices nos Estados Unidos registrarem leve alta por conta da notícia de que a Intel está comprando a McAfee. A aquisição é avaliada em US$ 7,68 bilhões.
Os dois anúncios são os últimos a apontar para um quadro conflitante de recuperação. Os relatórios econômicos vêm regularmente mostrando que o ritmo de retomada da economia está diminuindo, fazendo com que as companhias fiquem receosas em contratar mais trabalhadores. O temor atingiu as Bolsas nos últimos dias.
Mas, ao mesmo tempo, os balanços corporativos anunciados nessa temporada, incluindo os lucros reportados no semestre, mostraram amplamente que as companhias estão indo bem. A atividade de fusões e aquisições costuma ser considerada um sinal positivo, porque significa que as empresas estão dispostas a gastar para ampliar seus negócios e estão confiantes de que as perspectivas estão melhorando.