Cautela do investidor esvazia Bovespa, que fecha com perdas de 1% 23/08/2010
- Folha Online
Os investidores aceleraram as ordens de venda nas últimas horas do pregão desta segunda-feira, em meio ao mal-estar generalizado com a economia americana. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou o dia com perdas de quase 1%, em linha com as quedas nas Bolsas americanas, mesmo após duas semanas consecutivas de desvalorização.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, cedeu 1,04% no fechamento, aos 65.981 pontos. O giro financeiro foi de apenas R$ 4,10 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 0,38%.
As ações da Vale, que movimentaram mais de R$ 700 milhões em negócios hoje, foram os destaques do dia, com perdas de 2,4% (preferenciais) e 2,8% (ordinárias).
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O dólar comercial foi vendido por R$ 1,767, em alta de 0,39%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,768 e R$ 1,752.
"O mercado está vindo um período de notícias muito negativas. A China, que cresceu muito nos dois primeiros trimestres, deve tomar medidas para crescer nos dois últimos, para bater a meta de 9% neste ano, que é mais compatível com a inflação que o governo desse país", lembra Antonio Cesar Amarante, profissional da corretora Senso.
O especialista aponta que essa provável desaceleração do gigante asiático deve ter impacto sobre as ações das empresas exportadoras, a exemplo da Vale e das siderúrgicas, no mercado brasileiro.
Os negócios de hoje também sofreram influência do pessimismo em relação à economia americana, numa semana carregada de indicadores bastante importantes sobre os EUA. O "ápice" da agenda econômica será na sexta-feira, quando o governo abre os números do PIB (soma das riquezas do país), na sexta-feira.
Enquanto isso, o investidor se mostra avesso a risco, uma cautela sinalizada pelo baixo volume de negócios da Bolsa.
Entre as principais notícias do dia, o boletim Focus mostrou que a maioria dos economistas ouvidos pelo Banco Central reduziu suas projeções para a inflação deste ano. O IPCA projetado caiu de 5,19% para 5,10%. Já as projeções para o crescimento do PIB de 2010 subiram levemente, de 7,09% para 7,10%.
O governo revelou que a balança comercial apresentou superavit de US$ 2,23 bilhões em agosto, considerando o período até a terceira semana deste mês.
O Banco Central informou ainda que o país teve novo recorde negativo nas suas transações com o exterior em julho. O deficit das contas nacionais foi de US$ 4,5 bilhões no mês passado, pior resultado para meses de julho da série iniciada em 1947. Houve um aumento nas remessas de lucros e dividendos para o exterior, nos gastos com serviços, além da queda no saldo comercial.
No front externo, pesquisa Markit apontou que as empresas localizadas na zona do euro estão um pouco mais otimistas em relação ao futuro, embora o índice que meça o nível de atividade da região tenha desacelerado entre os meses de julho e agosto.