Bovespa fecha em baixa de 0,5% e acumula queda de 4,4% em cinco dias 25/08/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) acumulou seu quinto dia de desvalorização na jornada desta quarta-feira. Sem "boas notícias" da economia americana, o investidor opta por se desfazer de ações, mirando alguns dos papéis de maior peso no mercado brasileiro, como os ativos da Petrobras, da Vale e das siderúrgicas.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, retrocedeu 0,54% no fechamento, aos 64.803 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,47 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,20%, com uma recuperação moderada perto do encerramento dos negócios.
Desde 21 de julho a Bovespa não encerrava um pregão abaixo do nível de 65 mil pontos, o que para muitos analistas é um sinal preocupante. "Abaixo dos 65 mil, nós temos recomendado aos clientes que fiquem 'neutros' em Bolsa. Não é o momento de comprar nada e até, eventualmente, de se desfazer de algumas ações", avalia José Raymundo de Faria Jr., diretor técnico da Wagner Investimentos, que vê com preocupação os papéis ligados ao setor de commodities.
PUBLICIDADE
O analista lembra que a Bolsa brasileira trabalha em correlação estreita com a Bolsa americana, que já caiu muito mais no período recente. Ele nota que o mercado aguarda eventos importantes no curto prazo: a divulgação do PIB dos EUA e o provável anúncio de um novo programa do banco central americano para injetar recursos na economia. Em caso de frustração, as Bolsas podem corrigir até patamares de preços ainda mais baixos.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,766, em leve alta de 0,05%. A taxa de risco-país foi mantida em 215 pontos. "Hoje o fluxo foi favorável, de novo, para que o dólar caísse para R$ 1,76. Mas esse patamar está se mostrando um 'piso' resistente, como nós vimos ser R$ 1,75 a pouco tempo. Há muita resistência para [o dólar] ficar abaixo desse valor, entre outros motivos, porque a economia americana está mandando sinais muito ruins", comenta Luiz Fernando Moreira, da mesa de operações da Dascam corretora.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA revelou que o total de pedidos de bens duráveis atingiu a cifra de US$ 193 bilhões em julho, em um crescimento de apenas 0,3% para o período, abaixo do esperado por economistas do mercado.
Ainda nos EUA, um novo dado confirmou o cenário negativo do setor imobiliário: as vendas de casas novas recuaram 12,4% em julho, um número frustrante para as expectativas dos analistas. Ontem, as Bolsas já haviam reagido mal à informação de que as vendas de imóveis usados tinham contraído 27%.
No front doméstico, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apontou uma taxa de desemprego de 12,4% no país em julho, ante 12,7% no mês anterior. Em julho de 2009, a taxa havia sido de 14,8%.
O Banco Central informou que o fluxo cambial do país (a diferença entre saídas e entradas de dólares) ainda está positivo em US$ 715 milhões no mês de agosto (até o dia 20). Ainda segundo o BC, os bancos mantinham apostas de US$ 10 bilhões na baixa dos preços do dólar, até o mês passado.