Em sexto dia de perdas, Bovespa fecha com recuo de 1,44% 26/08/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
Analistas salientaram o alto nível de aversão ao risco presente nos mercados para justificar o sexto dia consecutivo de perdas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), na jornada desta quinta-feira. Mesmo os números um pouco mais favoráveis do emprego nos EUA pouco ajudaram a mudar o tom dos negócios, na véspera da divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) americano, o indicador mais importante a ser publicado nesta semana.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, sofre uma queda de 1,44% no fechamento, para os 63.867 pontos. Trata-se do menor nível de preços desde 19 de julho. O giro financeiro foi de R$ 5,47 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 0,74%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,762, em queda de 0,22%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,764 e R$ 1,758.
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"Há um sentimento de aversão ao risco instalado no mercado, após várias semanas de notícias ruins da economia americana. Agora, todo mundo está esperando o discurso do Bernanke [presidente do banco central dos EUA], previsto para amanhã. Há uma grande expectativa de que ele anuncie algum novo programa para injetar dinheiro na economia. O PIB [também marcada para sexta] também é importante, claro, mas acho que o resultado já está um pouco precificado [embutido nos preços das ações]", comenta Paulo Hegg, da Um Investimentos.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA reportou uma retração na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego, um conhecido 'termômetro' das condições do mercado de trabalho local. A cifra total de pedidos iniciais atingiu 473 mil até a semana, em uma redução de 30 mil unidades em relação à estatística imediatamente anterior. Economistas do setor financeiro projetavam em torno de 485 mil solicitações para o período.
O mercado de trabalho americano é acompanhado com muita atenção por analistas, sendo visto como um principais pontos fracos no processo de recuperação dessa economia.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que a taxa de desemprego média no Brasil em julho foi de 6,9%, ante 7% no mês anterior. Esse índice é o menor para meses de julho na série histórica do órgão, iniciada em março de 2002.
O Banco Central revelou que a economia do setor público para pagar os juros da dívida (superavit primário) ficou em R$ 2,5 bilhões no mês passado, pior resultado para meses de julho, desde 2001.
E a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) indicou que a atividade na indústria paulista voltou a subir em julho, após dois meses de queda. Na comparação com julho do ano passado, que teve o desempenho afetado pela crise internacional, o indicador de atividade do setor registrou alta de 7,2%.
EMPRESAS
A Telebrás anunciou hoje a lista das 100 primeiras cidades que serão conectadas à internet rápida pelo PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), abrangendo uma população de 14 milhões. A ação preferencial subiu 4,65% no pregão de hoje.
No dia seguinte à decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que condenou os bancos a pagar a correção monetária da poupança de quatro planos econômicos das décadas de 1980 e 1990, os papéis do setor bancário desvalorizaram na Bovespa. A ação preferencial do Itaú-Unibanco recuou 2,48%, enquanto a ação do Bradesco caiu 1,5%. Já a ação do BB teve perdas de 2,72%.