Bovespa sobe quase 3% no fechamento, com onda de otimismo mundial 01/09/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
Animado com as notícias do front externo, o investidor voltou com força às compras, aproveitando os preços depreciados das ações e empurrando a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) para o seu maior ganho num só dia em mais de três meses. Analistas citaram o entusiasmo com o bom desempenho do setor manufatureiro chinês, mas principalmente, com o índice dos EUA, que sinalizou um crescimento mais intenso do setor industrial. Internamente, o mercado consolidou as apostas de que o Banco Central deve manter a taxa básica de juros em 10,75% ao ano.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, ascendeu 2,96% no fechamento, batendo os 67.0872 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,47 bilhões, bem acima da média de agosto (cerca de R$ 6 bilhões/dia).
Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 2,54%. Na Europa, as ações valorizaram 2,70% em Londres, pela referência do índice FTSE, e 3,81% no mercado francês, conforme o índice local Cac.
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As ações da Vale e das siderúrgicas dispararam, puxando o índice da Bolsa. A ação preferencial da Vale disparou 4,5%, enquanto o ativo da CSN avançou 4,46%; a ação da Gerdau, outros 3,80%, e da Usiminas, mais 3%. O setor financeiro também teve ganhos fortes, a exemplo dos papéis do Banco do Brasil (3,40%) e do Bradesco (3,54%).
O investidor também correu para os papéis da Petrobras, que subiram 3,72% no caso das ações preferenciais, e 5,61%, no caso das ordinárias.
"O mercado está bastante volátil e deve continuar assim. Ninguém sabe quanto os EUA vão crescer e ainda há muita indefinição sobre isso. Até há pouco tempo, muita gente projetava um crescimento de 4,5%. Agora, tem gente falando que vai crescer 2% ou menos. Em termos do PIB americano, é uma diferença muito grande", afirma Octávio Vaz, gerente de renda fixa da Global Equity. "Se na sexta-feira os indicadores começaram a vir muito ruins, a Bolsa pode devolver tudo ou alguma parte do que já subiu até agora", acrescenta.
A agenda econômica concentra no último dia útil alguns dos indicadores mais importantes da semana: no Brasil, a divulgação do PIB do segundo trimestre; nos EUA, a publicação dos números oficiais sobre mercado de trabalho.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,747, em queda de 0,56%, o menor preço desde 3 de maio. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,749 e R$ 1,739. "Os indicadores econômicos melhoraram muito hoje, e é perfeitamente natural que o dólar caia", comenta Mário Paiva, analista da corretora BGC Liquidez. "E amanhã, se o mundo continuar 'bom', é claro que a taxa pode ceder até mais", acrescenta.
Entre as principais notícias do dia, o governo alemão anunciou um plano para sanear as finanças públicas orçado em aproximadamente US$ 100 bilhões, e com vigência até 2014. O projeto inclui cortes no orçamento da defesa bem como em gastos sociais.
Nos EUA, a consultoria privada ADP reportou que o nível de emprego no setor privado encolheu em 10 mil vagas no mês de agosto, após seis meses consecutivos de crescimento. Economistas do setor financeiro esperavam um incremento de 20 mil postos para o período. Horas antes, a secretária de Trabalho dos EUA, Hilda Solís, havia descartado a possibilidade de uma segunda recessão no país.
Ainda nesse país, uma sondagem de outra entidade privada, o ISM (Instituto de Gestão do Fornecimento, na sigla em inglês), revelou que o nível de atividade do setor industria cresceu pelo 13º mês consecutivo. O índice desse instituto, elaborado após consultas a 400 empresas, teve uma leitura de 56,3 pontos em agosto, ante 55,5 em julho. Analistas de mercado financeiro projetavam um patamar em torno dos 55 pontos.
O banco HSBC divulgou uma sondagem sobre o setor manufatureiro chinês que apontou para um ritmo de crescimento acima das expectativas. O índice teve a sua maior leitura (51,9 pontos) em três meses, saindo da zona de contração (abaixo de 50 pontos), e voltando para o nível que indica expansão (acima dos 50 pontos, pela metodologia da pesquisa).
No front doméstico, o governo revelou que a balança comercial teve um superavit de US$ 2,44 bilhões, em agosto. Em termos de média diária, o resultado do mês de agosto representa um avanço de 79,8% em relação ao registrado em julho, mas uma queda de 23,7% ante mesmo mês do ano passado.
O Copom (Comitê de Política Monetária) anuncia nas próximas horas a nova taxa básica de juros do país. A maioria dos analistas acredita que deve ser mantida a taxa atual (10,75% ao ano).