Bovespa cede 0,39% no fechamento; ações da Petrobras valorizam 2,1% 02/09/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) permaneceu no campo negativo durante a toda a jornada desta quinta-feira. Investidores não deram continuidade à "euforia" de ontem, fazendo a opção preferencial pela cautela, já que amanhã devem ser divulgados indicadores fundamentais da economia americana. As Bolsas americanas registraram recuperação perto do final do expediente, que não foi seguida pelo mercado brasileiro.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, retrocedeu 0,39% no fechamento, batendo os 66.808 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,10 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 0,49%.
As ações preferenciais da Petrobras, de longe os ativos mais negociados da Bolsa (R$ 736 milhões), valorizaram 2,10%. O mercado reagiu positivamente à definição das linhas gerais do processo de capitalização. Ontem, o governo anunciou o preço médio do barril a ser utilizado na cessão onerosa (bem como as reservas utilizadas), além de confirmar a data da operação (30 deste mês).
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Para analistas, investidores ficaram mais tranquilos sobre as perspectivas da operação, ainda que sejam necessários mais informações. "O sucesso da operação ainda depende do esclarecimento de algumas dúvidas com relação à oferta (...) além da percepção dos investidores quanto ao preço do barril na cessão onerosa e adesão à oferta", comenta o analista-chefe da Link Investimentos, Andrés Kikuchi, em relatório preliminar sobre o anúncio de ontem.
À semelhança de outros analistas, o profissional coloca um "viés negativo" para a operação, devido à expectativa de que a participação dos minoritários no capital da petrolífera seja diluída.
A taxa de câmbio recuou para R$ 1,732 (uma queda de 0,85% no dia), o menor preço desde o início de maio. Segundo operadores, o mercado de moeda também reagiu à definição do preço médio do barril na capitalização da Petrobras.
"Pelo menos, já ficou definido um maiores empecilhos à operação, que era o preço do barril. Isso deu uma tranquilidade maior de que a operação vai ocorrer", avalia Reginaldo Galhardo, diretor da corretora Treviso. Para ele, alguns exportadores podem ter acionado o mercado com mais força hoje, temendo um decréscimo ainda maior das taxas após a capitalização da petrolífera, já que se trata de uma operação que tende a atrair investidores estrangeiros.
Entre os principais indicadores do dia, o Departamento do Trabalho apontou um recuo na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego na semana passada; a associação de corretores revelou um aumento nas vendas preliminares de imóveis em julho; e o Departamento de Comércio indicou um modesto crescimento nas encomendas às fábricas, em julho.
Ainda no setor externo, o BCE (Banco Central Europeu) manteve a taxa básica de juros em 1% ao ano, já pelo 16º mês consecutivo, em linha com as expectativas do setor financeiro.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou um aumento da produção industrial em sete das 14 regiões pesquisadas no mês de julho. Já a inflação medida pelo IPC em agosto manteve a variação de 0,17%, no município de São Paulo, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).