Cargill remaneja soja para portos do Sul 15/09/2010
- Reuters
O baixo nível do rio Tapajós tem prejudicado o transporte de grãos em barcaças pela hidrovia que permite o escoamento da soja produzida no Centro-Oeste até terminal de exportação da Cargill, em Santarém, no Pará.
Com isso, a Cargill informou nesta quarta-feira que está sendo obrigada a remanejar para os portos do Sul parte da soja que seria exportada por Santarém, cujo terminal realiza embarques para o exterior de aproximadamente 1 milhão de toneladas de grãos por ano.
A exportação da soja de Mato Grosso pelo terminal de Santarém tem vantagens logísticas. Além do menor custo de transporte pela hidrovia, a região Norte está mais próxima de destinos europeus.
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A Cargill não é a única companhia das grandes do agronegócio prejudicada pela seca: o rio Madeira, atingiu este ano seu menor nível em cerca de 40 anos.
Na sexta-feira, reportagem da Reuters informou que a Hermasa Navegação da Amazônia, empresa do grupo brasileiro André Maggi, deixou de carregar barcaças, temendo problemas como o encalhe das embarcações.
Segundo a Cargill, a companhia transporta atualmente pelo rio Tapajós apenas 20% do total transportado no mesmo período do ano passado.
No terminal de Santarém, cuja instalação no início da década foi questionada por grupos ambientalistas pela sua localização na região amazônica, a companhia conta com um silo de 60 mil toneladas.
De acordo com relatório de impacto ambiental entregue pela Cargill este ano a autoridades estaduais, a companhia tem projeto de instalar um novo silo no local, ampliando em 50% a capacidade de armazenagem de grãos do terminal.
NÍVEL SOBE
A Hermasa, além de transportar produtos agrícolas do Grupo Maggi, presta serviços para terceiros, incluindo uma trading de grãos.
Mas o nome da companhia não foi revelado, pelo diretor-superintendente da empresa, João Zamboni, que destacou nesta quarta-feira que o nível do Rio Madeira subiu um metro em relação à semana passada, mas ainda não está em condições seguras para a navegabilidade.
"Choveu na cabeceira dos rios que formam o Madeira, mas não estamos navegando ainda. Mas programamos voltar [a navegar] mais cedo", declarou Zamboni, explicando que, embora todos os anos nesta época a empresa sofra com a seca na bacia amazônica, este ano a situação foi pior.
Inicialmente, a Hermasa pretendia voltar a navegar no Madeira no início de outubro.
Os produtos agrícolas da Maggi -- assim como a maior parte do volume exportado pela Cargill pelo Norte -- são transportados de caminhão. Ali, as barcaças são carregadas e seguem até o porto de Itacoatiara (no caso da Maggi), de onde o produto é embarcado em grandes navios que seguem em direção ao Atlântico.
O grupo Maggi, que prevê originar 4,5 milhões de toneladas de soja na temporada 2009/10, realiza 60% de suas exportações pelo Madeira, segundo Zamboni. Mas parte do total originado pela empresa é consumido no mercado interno.
Pela hidrovia, a Hermasa transporta soja e milho. Em entrevista à Reuters, Zamboni afirmou que a companhia ainda precisa transportar pela hidrovia até o final do ano 30% da meta estabelecida.