Bovespa fecha em alta de 0,61%; ações da Petrobras voltam a cair 15/09/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou os negócios desta quarta-feira em terreno positivo, acompanhando de perto o desempenho das Bolsas americanas. O mercado se frustrou com os números da economia americana divulgados pela manhã, mas tomou novo fôlego no período da tarde. Papéis do setor bancário e de commodities puxaram o ganho de hoje, enquanto as ações da Petrobras continuaram a ser "castigadas" no pregão.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, avançou 0,61% no fechamento, aos 68.106 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,23 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,44% no encerramento das operações.
"A recuperação lá de fora puxou a recuperação aqui de dentro. O nosso índice é muito aderente ao S&P 500 [índice de ações de Nova York]. A nossa alta somente não foi maior, mais uma vez, por causa das ações da Petrobras. Com todo esse processo de capitalização, o investidor está muito apreensivo com relação a esse papel. Ele quer saber como vai ser a demanda pelos novos papéis, qual deve ser o preço. Isso tudo desestimula mesmo quem está com vontade de comprar", avalia Fernando Ferreira, gestor responsável pela Lerosa Investimentos.
PUBLICIDADE
Os negócios com as ações da Petrobras responderam por cerca de 25% do giro total no pregão de hoje. A ação preferencial, que movimentou mais de R$ 1 bilhão, desvalorizou 1,48%, na sequência de uma forte queda de 5% na rodada de terça-feira. Alguns analistas apontam que grandes investidores estrangeiros têm despejado ordens de venda no mercado. Uma das razões possíveis é forçar a baixa dos preços de mercado, para que o valor das novas ações na oferta pública caia.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,727, em alta de 1,11%, o primeiro avanço após dez dias de queda. A taxa de risco-país marca 203 pontos, número 5,14% abaixo da pontuação anterior. "Você teve uma notícia muito forte do Japão, num momento em que o preço [da moeda americana] já estava bastante 'esticado'. Na verdade, esse 'pull-back' [repique] de hoje já era aguardado pelo mercado", comenta André Nunes, presidente do grupo Fitta (especializado no mercado de câmbio).
Entre as principais notícias do dia, as autoridades japonesas interferiram no mercado de câmbio local, pela primeira vez desde 2004, para tentar conter a valorização do iene frente ao dólar.
A moeda japonesa chegou aos níveis de cotação mais altos em mais de 15 anos. O ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, declarou que 'o Japão não pode tolerar os efeitos da apreciação do iene em sua economia' e sinalizou que medidas adicionais podem ser tomadas.
Ainda no front externo, o Eurostat (agência de estatísticas da UE) comunicou que o nível de emprego entre os países da região e na zona do euro ficou estável no segundo trimestre. Já a taxa de inflação para os países que adotam a moeda europeia ficou em 1,6% no mês passado, ante 1,7% em julho.
E nos EUA, o Federal Reserve, o banco central norte-americano, informou que a produção industrial desse país cresceu apenas 0,2% em agosto, ante 0,6% em julho (dado revisado). Economistas do setor financeiro aguardavam uma cifra em torno de 0,3%. Já o nível de utilização da capacidade instalada da indústria permaneceu praticamente estável atingindo 74,7%.
O Banco Central revelou que o fluxo cambial do país está positivo em US$ 2,11 bilhões até o dia 10 deste mês, principalmente por conta de um forte ingresso de capital financeiro na última semana.