Setor imobiliário defende urgência para novas fontes de crédito 20/09/2010
- Reuters
A crescente demanda por crédito imobiliário vem preocupando, cada vez mais, representantes das diferentes esferas ligadas ao setor de construção civil, que alertam para um esgotamento dos recursos da poupança para este fim em cerca de dois a três anos.
"Até 2013, teremos de criar novas fontes para continuar financiando o crescimento vigoroso na produção de imóveis", disse nesta segunda-feira o deputado federal Fernando Chucre (PSDB), em evento na sede do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).
No início deste mês, a Caixa Econômica Federal elevou a previsão para liberação de financiamento imobiliário em 2010 de R$ 60 bilhões para R$ 70 bilhões.
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Vendo "um sinal amarelo" já em 2012, o presidente-executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, ressalta que a expansão da oferta por crédito imobiliário deve ser suportada por medidas governamentais e por novas fontes de recursos.
"Vejo potencial enorme de crescimento... Temos estoque de financiamento imobiliário baixíssimo. No Chile, por exemplo, fica entre 30% e 40% dos balanços dos bancos", disse ele.
Setubal alertou para a necessidade de se criar novos mecanismos de financiamento, apoiados em uma política de juros estáveis.
"No financiamento imobiliário, a taxa de longo prazo tem que vir para baixo. Primeiro, reduzindo a Selic. É preciso ter uma política que leve à redução da taxa Selic, mantendo a taxa de longo prazo também em baixa."
O excesso de regulamentação na área imobiliária, resultado da escassez de crédito que acompanhava o setor até pouco tempo atrás, também foi apontada por Setubal como um entrave para a ampliação da oferta de crédito. "O governo precisa pensar em uma estrutura de financiamento mais ágil, menos burocrática."
FONTES ALTERNATIVAS
Com o rápido avanço da demanda por crédito, alguns bancos já vêm ultrapassando o limite de utilização da poupança, que é de 65%. Esse cenário leva os agentes do setor a considerar urgente a busca por fontes alternativas de financiamento.
"Qualquer fonte de recurso criada artificialmente será facilmente esgotada. A base do sistema de financiamento imobiliário será (formada por) recursos do mercado", disse Setubal, que defende a maior utilização de "covered bonds", tradicionalmente usados na Europa, que funcionam como uma espécie de Letra de Crédito Imobiliário emitida pelos bancos.
Já o presidente do Secovi-SP, João Crestana, aposta em três frentes para complementar os recursos voltados a crédito habitacional: securitização, fundos internacionais e fundos de pensão, que "aplicam muito pouco no setor imobiliário, diferente do resto do mundo".
Segundo Crestana, com a revisão dos "engessamentos" criados ao longo dos anos por parte do governo, os fundos poderão ter remuneração maior e, assim, competir com a poupança.