Bovespa fecha em baixa de 0,87%; ações da Petrobras concentram quase um quarto dos negócios 24/09/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
Em um pregão excepcional, que teve um volume financeiro bem acima da média, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) cedeu sob o "peso" das ações da Petrobras, que hoje responderam por mais de um quarto dos negócios no dia. Dessa forma, o mercado brasileiro não acompanhou os fortes ganhos registrados na Bolsas americanas, onde os investidores "comemoraram" uma queda não tão forte das encomendas ao setor industrial.
O principal "drive" da Bolsa brasileira foi a oferta pública da petrolífera, a maior já registrada no mercado de capitais mundial (R$ 120 bilhões). As novas ações já foram negociadas na Bolsa de Nova York, estreando com perdas de 1,85% (as ordinárias) e 2,06% (preferenciais). Na segunda-feira, esses papéis começam a ser negociados na praça doméstica.
O índice Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retrocedeu 0,87% no fechamento, aos 68.196 pontos. O giro financeiro foi de R$ 11,03 bilhões, um dos mais altos, perdendo para os R$ 14,2 bilhões registrados em 16 de junho. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, valorizou 1,86% no encerramento das operações.
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A ação preferencial da Petrobras, com um giro de R$ 2,28 bilhões, teve perdas de 1,86%, enquanto a ordinária, que movimentou mais R$ 445 milhões, teve perdas de 1,98%.
A queda somente não foi pior porque outra "estrela" da Bolsa, as ações da Vale, tiveram forte ganhos, a reboque de boas recomendações de bancos estrangeiros. A ação preferencial da mineradora, que foi alvo de R$ 1,22 bilhão em negócios, ficou 2,83% mais cara; já a ação ordinária teve um acréscimo de 3,43%.
"Hoje foi um dia de ajustes bastante normal, sem nada de extraordinário. Nós temos de lembrar que esta sexta-feira foi o último dia para que os investidores vendessem ações [para fazer caixa] e pagar a reserva de ações da Petrobras em tempo", diz Adriano Moreno, estrategista-chefe da Futura Investimentos.
Na Bolsa, a liquidação financeira ocorre em três dias úteis (D+3). Os investidores que pediram para reserva dos novos papéis da petrolífera devem pagar no próximo dia 29 (quarta-feira). Outra explicação para a forte queda de hoje foi de que os investidores que não conseguiram, ou não quiseram, participar da oferta pública podem ter derrubado os preços para adquirir os papéis no mercado na próxima semana.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,711, em queda de 0,52%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,720 e R$ 1,708.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA informou que as encomendas de bens duráveis sofreram uma contração de 1,3% em agosto, ante julho. Analistas do mercado, no entanto, esperavam um número ainda pior, em torno de 1,4%. Em julho, houve alta de 0,7% (dado revisado).
Outro órgão do governo americano apontou que o estoque de casas vendidas no mês de agosto (288 mil) praticamente não mudou frente a julho, o que decepcionou analistas do mercado: o consenso apontava uma cifra na casa dos 291 mil. O número também ficou fortemente abaixo do montante de agosto do ano passado, quando foram comercializadas 405 mil unidades.
O governo francês informou que a economia do país teve crescimento de 0,7% no segundo trimestre, após um incremento de somente 0,2% nos três primeiros meses do ano. As autoridades preveem uma taxa de 1,5% para o crescimento em todo o ano de 2010.
No front doméstico, a Fipe divulgou a inflação medida pelo IPC, que foi de 0,35% na terceira quadrissemana, acima das expectativas (0,28%).