Fifa impõe nova rede de transferências internacionais e alija times menores 30/09/2010
- Rodrigo Mattos - Folha de S.Paulo
A partir desta sexta-feira, todas as transferências internacionais de jogadores terão de ser feitas pela internet por meio de sistema da Fifa.
A regra aumenta a transparência e o controle sobre as operações. O objetivo é combater a lavagem de dinheiro no futebol -- havia até transações de jogadores fictícios para esse fim -- e reduzir negociações que envolvam atletas menores de idade.
O problema é que boa parte dos clubes pequenos brasileiros ainda não está adaptada ao novo sistema, de acordo com agentes de futebol. O mesmo ocorre em confederações mais pobres.
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Criado pela Fifa, o TMS (Transfer Matching System) é testado desde fevereiro de 2008. A entidade fez seminários pelo mundo para explicar aos clubes como usá-lo.
Deu certo para a elite. Todos os clubes da Série A já fazem suas transferências internacionais pela internet.
"Não é novidade para ninguém. Mas alguns clubes pequenos têm dificuldade", contou o advogado Marcos Motta, especialista em transferências internacionais.
"Eu já tive que mandar documento referente a uma negócio para um açougue perto do clube", contou ele, para exemplificar a falta de estrutura das equipes pequenas.
Para participar do TMS, é preciso um computador e um funcionário que leia em inglês e saiba navegar na internet. A partir daí, pede-se um cadastro à Fifa que dá direito a uma senha para operações.
"Não é difícil aprender. Mas exige esse mínimo de estrutura", explicou o advogado do Corinthians Luis Felipe Santoro, que assistiu à palestra da Fifa sobre o tema.
A entidade anunciou que 3.633 clubes aderiram ao sistema, o que significa que há muitos fora dele. Só no Brasil há 783 times profissionais.
Segundo o cadastro de clubes da CBF, 430 desses times estão em cidades com menos de 100 mil habitantes.
A confederação já informatizou o registro de atletas no país, conectado às federações. Mas os clubes podem usar os computadores dessas para inscrever seus atletas.
No TMS, a CBF só aprova a operação. A confederação ainda faz transações internacionais por fax pelo atraso de outras associações.
Não há levantamento de quantas equipes brasileiras já estão no TMS. A CBF não quis falar sobre o assunto.
SISTEMA INCLUI ATÉ DADOS BANCÁRIOS
Na rede da Fifa, o clube comprador do atleta põe os dados da negociação, como preço e comissão. Do outro lado, o time vendedor faz o mesmo. Se as informações forem iguais, a negociação só depende de aval da confederação do clube de origem do jogador e é confirmada em minutos.