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POEMAS & SONETOS

AS BUNDAS
11/04/2001 - RONALDO DE CASTRO*

Abundam belas bundas abundantes,
na praia, ao sol -- um festival de bundas.
São diferentes bundas provocantes,
entre as comuns, as chochas e as rotundas.

As bundas, por mais pobres, são picantes
apelos visuais, rasas ou fundas.
São o sonho calipígio dos amantes,
sejam pudicas, sejam vagabundas.

As bundas, ricos pomos recurvados,
uma indução convexa aos pecados,
sejam bundas coroas ou meninas...

Na praia, ao sol, não há bundas omissas,
todas instigam taras e cobiças,
desde que sejam bundas femininas.

II

Não há nenhum impulso à sodomia
no culto à bunda da mulher bunduda,
cuja atração maior da anatomia
é a imponente nádega carnuda.

Pode a mulher ter má fisionomia,
ser troncha, estabanada ou carrancuda,
que gozará de toda a mordomia
se for boa de bunda e for tesuda.

A bunda, toda bunda, a gorda e a magra,
sempre será recurso que consagra
o corpo mais esquálido e dietético...

Porque a bunda bem feita encanta e vibra,
provoca, atrai, seduz, desequilibra,
tal seu poder de encantamento estético.

III

Uma bunda "hors concours" seria aquela
que encanta por si própria, independente
do corpo que a carrega, da donzela
que nela tem seu patrimônio ingente.

A bunda "hors concours" jamais apela
se tocada por mão mais imprudente;
antes, se expõe ao toque e se revela
em toda a glória, aquieta-se e consente.

Toda bunda que reina absoluta,
além de bela, há que ser tenra, enxuta,
a provocar suspiro, expectação...

Bunda assim tão sutil, cheia de graça,
até o poste de luz, quando ela passa,
se inclina em carinhosa saudação.

IV

Não pode a bunda ser pesado enclave
a distoar do corpo. A bunda alcança
poder maior se for discreta e grave
na mulher-violão ou espaçonave.

Tê-la bem feita, mas sutil, suave,
bunda integrada ao corpo que a balança,
mulher assim possui na bunda a chave
da sedução e excita a vizinhança.

A bunda exagerada, escandalosa,
nunca será por certo a mais formosa,
por carente de ajuste e sintonia...

Só será bela a bunda como parte
do corpo feminino, a que, com arte,
se integra num prodígio de harmoma.

V

Dona Bumbum, madrugadinha, passa...
Nas mãos o terço e a Bíblia -- vai à missa.
E passa a rebolar, cheia de graça,
a bunda escultural, farta e roliça.

Inobstante a dor, que a despedaça,
de viúva moça, a alma ainda enfermiça,
a roupa nada esconde e expõe, devassa
a bunda augusta, sólida e castiça.

Dona Bumbum, feroz catolicista,
o bundão imponente exposto à vista,
não engana a ninguém, cego nenhum...

Eu sei, o santo sabe, o padre, o crente,
que só para exibir o rabo ingente,
bem cedo à missa vai dona Bumbum.

VI

Ó bundas intocadas de noviças
no claustro fantasmal, ó bundas pias,
protegidas por salmos de cobiças,
imoladas ao céu em litanias.

Há nos conventos crassas injustiças
com a prisão, entre as paredes frias,
de bundas juvenis, duras, roliças,
que sofrem provações todos os dias.

São bundas que não podem, nos conventos
expor-se ao sol ou refrescar-se aos ventos
sempre encobertas no hábito tristonho...

E quanta bunda linda ali vegeta,
bundas ocultas à visão do esteta,
só reveladas no vapor do sonho...

VII

É a fêmea glútea, atende a todo gosto,
essa que os ares da avenida encanta.
Parece ter, vestida, tudo exposto,
essa que o rabo, de tão belo, espanta.

Sob a bermuda, a bunda se agiganta,
como o único trunfo ali disposto:
dispensa as tetas, coxas e a garganta,
essa que tem na bunda o próprio rosto.

A bunda é o seu cartão de identidade,
porque o endereço, o fone, o nome, a idade,
na velha Cuiabá ninguém conhece...

Na fêmea glútea a parte que interessa
é a bunda, um monumento, nobre peça
sacral, merecedora de uma prece.

VIII

Benditas sede vós, ó bundas cheias,
que abrilhantais o carnaval e as praias,
mitológicas bundas de sereias,
libertas das calcinhas e das saias;

sois dádivas plantadas nas areias,
patrimônio carnal de amas e aias;
tendes o fogo do Brasil nas veias,
sois da mulher as sensuais alfaias.

E vos bendigo, ó bundas brasileiras,
do mundo as mais eróticas, brejeiras,
um milagre genético entre nós...

Pela praia emborcadas, preguiçosas,
são bundas fartas, fortes, fervorosas,
tomando sol -- benditas sede vós!

IX

A beleza da bunda está na forma,
não é questão de cor ou de volume
Na bunda, a curva é o dado que transforma
mulher feia em diva, a água em perfume.

Num concurso de bundas, sábia norma
é a que na nobre curva se resume:
a curva, nesse caso, é a plataforma
que toda séria candidata assume.

Assim, mora o segredo no formato,
que não pode ser pobre, reto ou chato
-- antes, há que estampar perfil convexo.

Aí ganha o bumbum valor artístico,
e passa a ser altar, bandeira e dístico
-- mas esse culto nada tem com sexo.

X

Pudica, entre arrepios e manobras,
no rio ela se despe. Já não tinha
a saia curta e a blusa engomadinha
foi atirada ao chão, desfeita em dobras.

Solidamente presa na calcinha,
a bunda plena, lisa como as cobras,
quer romper o tecido e mostra as sobras
-- prenúncio da nudez que se avizinha.

Súbito, num puxão, a calça desce
e a bunda salta nua, aos olhos cresce,
alva e carnuda, em franco desafio...

E alisando o bumbum toda orgulhosa,
caminha a moça a requebrar ditosa
-- conduz a bunda ao banho em pleno rio.

XI

Na mídia, esses bumbuns promocionais
para vender maiôs, calcinhas, jeans,
têm rígidas funções comerciais,
nunca estão ao dispor para outros fins.

No fundo, esses bumbuns profissionais
não passam de suporte para os rins.
São falsos, produzidos, anormais,
como tudo que engana -- são ruins.

Otimizadas nos computadores,
são feitas pra enganar consumidores
as bundas de revistas e tevês...

São bundas, em verdade, bem precárias,
grosseiras projeções publicitárias,
imagem que ninguém tocou -- só vê.

XII

À luz do sol, num festival erótico,
as bundas erotógenas transpiram
forte apelo animal, todos suspiram,
o olhar a enrijecer o nervo ótico

e um outro, bem abaixo. O quadro exótico
de traseiros sortidos -- todos viram –
foi o maior desfile a que assistiram
todo turista e todo cão neurótico.

Aqui na praia, imensas bundas gregas,
empenhadas em lúdicas refregas
pelo olhar cobiçoso mais tesudo,

são rabos livres, por senhoriais,
das funções fisiológicas normais
-- são bundas mais estéticas que tudo!

XIII

A bunda da vizinha é tão formosa,
que baba o cão da rua se ela passa,
sempre senhorial, séria, orgulhosa,
levando a bunda em direção à praça.

Mulher austera, esposa rigorosa,
vive a fingir ignorância crassa
dos encantos que tem... e passa, airosa,
alheia ao erotismo que repassa.

Mas todos, do estudante ao cão vadio,
se eletrizam de chofre, entram no cio
quando ela com seu charme a praça inunda...

Porque a vizinha austera, o porte altivo,
quando surge na rua, o andar lascivo,
não anda para si -- conduz a bunda.

XIV

As bundas não são pomos obscenos,
execráveis no campo da moral.
Só mesmo quando houver bundas de menos
é que se poderá falar em mal.

Em verdade os bumbuns, magros ou plenos
são detalhe do todo corporal.
Sejam grandes bumbuns, sejam pequenos,
não passam de atributo natural.

Assim, não tem sentido pornográfico
a exaltação do cântico orográfico
sobre os mistérios glúteos dos bumbuns.

Embora o seu caráter unissex,
o fato é que as mulheres são mais sexy
se têm bundas gloriosas, incomuns.

  

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