Imagine a cena: um empresário -- de qualquer ramo -- é procurado em seu estabelecimento por um interessado em comprar veículo, implemento agrícola, apartamento, fazenda -- pouco importa o "obejeto" -- e pagar em dinheiro vivo. O negociante, então, pergunta na bucha: posso saber de onde e com quem o distinto cliente arrumou o dinheiro?
Ora, é algo absurdo, claro, porém é exatamente esse o comportamento-padrão patriótico-politicamente-correto que o Ministério Público e o Gaeco esperam de todo vendedor, sob pena de fechar um negócio suspeito e, mais adiante, se ver implicado e alvo de uma das tantas operações de nome esquisito, com direito a passeio de camburão.
No fundo, no fundo, comprou-se a tese petralha segundo a qual a verdadeira fonte da ladroagem é o empresariado, ou seja, quem gera emprego, paga imposto e sustenta a pantagruélica máquina burocrática e não a obrigatoriedade de sustentar, via extorsão, um projeto de poder estatizante e de partido único, como comprovado pela Lava-Jato.
Na esteira da 11ª fase da Operação Ararath, há 18 dias, na quinta-feira, 6, três tradicionais pesos pesados da indústria imobiliária na Capital foram conduzidos coercitivamente à sede da Superintendência da Polícia Federal, por ordem da Justiça Federal, que acatou pedido do MPF visando desbaratar um "grupo criminoso".
Por conta e risco, a concorrência especializada "prendeu" mais um, este do comércio de materiais de construção -- que só ficou sabendo pela mídia eletrônica e pela TV que estava sendo ouvido pelos "meninos", após condução sob vara. Baita "barrigada" -- felizmente, retificada naquela mesma data, como convém.
Episódios surrealistas como o relatado tendem a aumentar se aprovadas as 10 "inocentes" propostas elaboradas pela Procuradoria Geral da República para "acabar com a corrupção" que recebeu mais de um milhão de assinaturas e virou Projeto de Lei de Iniciativa Popular, atualmente em tramitação no Congresso.
O pooovo, mesmo, só "contribuíram" com o jamegão, porque da redação do dito cujo encarregaram-se apenas notáveis e notórios "iluminados" que -- aí que mora o perigo! -- embutiram detalhes com forte viés policialesco, tipo um certo (?!!!) "Teste Aleatório de Honestidade" a que poderão ser submetidos os nossos barnabés.
Pelo que lá consta -- imaginam -- da pilhagem do Erário estaremos livres e para ficar rico, funcionário municipal, estadual e da União têm somente três caminhos: nascer em berço esplêndido, aplicar o golpe do baú ou faturar sozinho a Mega-Sena acumulada, pois é acrescida à denúncia anônima e à delação, que hoje vigem, tal "jaboti".
Funcionaria assim, se aprovado com casca e tudo, os dez mandamentos da PGR: todos os servidores -- magistrados, ministros do STJ, TSE e Supremo; governadores, conselheiros, prefeitos, parlamentares -- senadores, deputados federais, estaduais e vereadores --, sem saber, estarão a produzir "legalmente" provas contra si -- o Leviatã.
Natural que tais seres terão um "contrato de produtividade", isto é, se o "sorteado" refugar, o tipo insistirá até sua proposta indecente ser aceita, "ganhar ponto" e ascender na carreira. Como são insaciáveis logo o setor privado será contemplado e surgirá uma nova casta corrupta e intocável -- como nos Estados totalitários.
Custo Brasil virou assunto de polícia. Graças à bandalheira do PT, o sentido dessa expressão foi enriquecido. Deixou de pertencer apenas ao jargão econômico e passou a integrar também o vocabulário criminal.
Para ganhar a confiança dos interlocutores cujas conversas gravaria, o ex-presidente da Transpetro, que fez acordo de delação premiada, mostrou-lhes uma “pasta israelense” que serviria para bloquear telefones celulares.