Todo dia o mesmo ritual: o pai extenuado chega à noite em casa após mais um duro dia de trabalho. Seu filho, com os olhos cheios de admiração, abraça-o. Eles trocam algumas palavras sobre a escola e se despedem com beijos na face, o boa-noite e o “durma com os anjos”.
Certo dia, com a voz tímida, o garoto pergunta ao pai, que acaba de chegar: “Papai, quanto você ganha por hora?” O pai surpreso, desconversa. O filho insiste: “Papai, quanto você ganha por hora?”
O sempre ocupado pai promete uma resposta para o dia seguinte, mas se aflige com a pergunta.
Artigo apresentado - e depois retirado - pelo relator da reforma política, Vicente Cândido (PT-SP), alteraria a lei e impediria que candidatos fossem presos desde até 8 meses antes das eleições.
Hoje a prisão só é proibida apenas com 15 dias de antecedência.
Para Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara, a jabuticaba virou a “Emenda Lula” e “tem o intuito de salvar criminosos”.
Apesar de “ter sido retirada”, a emenda Lula consta no relatório parcial nº 3.O nº 4 ainda não foi apresentado.
A reforma política que uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou até agora pode ser chamada de qualquer coisa. Menos de reforma política. Ela é tão esquisita que, em alguns casos, não trata de questão eleitoral nem política. Por exemplo: quando resolve fixar em dez anos o tempo de mandato dos ministros dos tribunais superiores, foge da política e das eleições. Imiscui-se de forma indevida no funcionamento do Judiciário.
A monarquia balançava, mas e daí? Em 9 de novembro de 1889, na Ilha Fiscal, Rio, houve luxuoso baile em homenagem aos tripulantes do navio chileno Almirante Cochrane. Ali se gastou 10% do orçamento anual da província do Rio. Seis dias depois, caiu o imperador e veio a República.
Michel Temer balança, é uma pinguela, como disse Fernando Henrique, mas e daí? O Governo enfrenta um buraco de R$ 139 bilhões; não sabe onde buscar mais R$ 20 bilhões para chegar até o fim do ano; e a Câmara destina R$ 3,6 bilhões de dinheiro público para pagar a campanha eleitoral.
O leitor (não o chamo de “caro leitor” porque caro é o deputado) quer pagar a campanha de alguém?
A pouco mais de um ano das eleições para a Presidência, os governos estaduais e o Congresso Nacional, os brasileiros manifestam rejeição generalizada à classe política, independentemente de partidos, e ao atual modelo de governo.
Segundo pesquisa do instituto Ipsos, apenas 6% dos eleitores se sentem representados pelos políticos em quem já votaram.