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TÁ LIGADO?
Gás natural boliviano aumenta antes da negociação
02/06/2006
Reajuste de 11,34% começará a vigorar em julho e não está relacionado com a nacionalização do setor no país.
O preço do gás natural boliviano exportado para o mercado brasileiro vai ter um reajuste de 11,34% em julho. O valor será elevado dos atuais US$ 3,53 para US$ 3,93 por milhão de BTU (unidade térmica britânica para medir o potencial calorífico do insumo). O aumento chegará a 40 centavos de dólar por unidade de consumo.
Desde setembro do ano passado, quando a Petrobrás abandonou a política de segurar reajustes internos recebidos na importação do gás natural boliviano, os aumentos já somam 26,78%.
O reajuste, entretanto, ainda não está relacionado à negociação entre a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) e a Petrobrás Bolívia, a subsidiária encarregada de representar a estatal brasileira. Isso significa que não estão descartadas outras elevações no preço. O novo aumento, confirmado ontem pela YPFB, foi definido a partir da evolução de uma cesta de três óleos combustíveis com vários teores de enxofre.
Em reunião iniciada quarta-feira em La Paz , e que seguiu ontem em Santa Cruz, a YPFB e a Petrobrás continuavam sem avançar nas negociações. Havia a expectativa de que, nesse encontro, técnicos dos dois países iniciassem as negociações acerca da revisão da fórmula de reajuste do preço do combustível.
O ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz Rada, criticou no início desta semana a lentidão das negociações com a Petrobrás. O presidente Evo Morales também se pronunciou sobre o assunto e chegou a dizer que aguardava um acordo sobre preços ¨ainda nesta semana¨.
Por enquanto, apenas assuntos relacionados às operações dos blocos de exploração de gás e petróleo de San Alberto e San Antonio chegaram à mesa nas duas reuniões anteriores.
VALOR ELEVADO
O valor de quase US$ 4 por milhão de metros cúbicos de gás não é um preço baixo para o padrão dos consumidores brasileiros, principalmente para a indústria ceramista de São Paulo e de Santa Catarina. Alguns especialistas em gás no Brasil apontam este preço como limite máximo para manter o insumo competitivo em relação ao concorrente direto, o gasóleo.
O novo preço que será cobrado a partir de julho da Petrobrás é um valor ponderado, que inclui o custo do transporte entre a estação de compressão de Rio Grande, na região central da Bolívia, até a fronteira com o Brasil.
É também o preço ponderado pago pela Petrobrás para a demanda de gás até 16 milhões de metros cúbicos por dia e para os volumes adicionais a esses. A estatal brasileira paga preços diferentes para volumes acima de 16 milhões de metros cúbicos por dia. Atualmente, na média, a Petrobrás manda para o Brasil cerca de 25 milhões de metros cúbicos por dia.
Para os consumidores brasileiros, é necessário adicionar aos US$ 3,93 por milhão de metros cúbicos o custo do transporte na parte brasileira do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), depois de Corumbá (MS). Para os consumidores de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, ao novo preço deve ser embutido um valor pouco superior a US$ 1 por milhão de BTU. Isso significa que os consumidores do Sudeste e do Sul do País terão preços próximos a US$ 6 por unidade de consumo.
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O Estado de S. Paulo
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