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Universidades federais propõem o fim do vestibular
02/12/2006
Representantes de 57 Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil (Ifes) e do Ministério da Educação (MEC) chegaram hoje às primeiras definições relacionadas ao projeto Universidade Nova, discutido em um seminário em Salvador. O projeto propõe alterações no ingresso dos estudantes nas universidades federais e na estrutura curricular dos cursos superiores. Uma das propostas é o fim do vestibular.
De acordo com o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Almeida Filho, um dos idealizadores do Universidade Nova, já é consenso, por exemplo, que os Bacharelados Interdisciplinares (BIs) - cursos de três anos em áreas como saúde, artes e humanidades - que os estudantes teriam de freqüentar antes de começar um curso superior de formação específica - como Direito, Medicina e Engenharia - passariam a ser aplicados a todos os estudantes de ensino superior.
¨Apesar dessa definição, ainda não chegamos à conclusão de quantas serão essas grandes áreas do conhecimento. Partimos de quatro (ciências, humanidades, artes e tecnologia), mas há quem defenda até sete (as anteriores, acrescidas de saúde, ciências da natureza e ciências humanas e sociais)¨, afirmou o reitor.
Uma primeira experiência com os BIs já vem sendo feita no Brasil, desde setembro, na Universidade Federal do ABC (UFABC). ¨São 1.500 alunos que estão freqüentando o curso de tecnologia¨, conta o reitor Hermano Ferreira Tavares. ¨Depois dos três anos, eles terão diploma de curso superior e poderão optar por cursos profissionalizantes de dois anos em oito áreas de engenharia, também disponíveis na instituição.¨
Fim do vestibular
De acordo com Almeida Filho, também ficou estabelecido no seminário que o vestibular, como é aplicado hoje, seria descartado na Universidade Nova. ¨Como prevemos dobrar a capacidade de estudantes das universidades com a reforma, existe a possibilidade de adotarmos mesmo o Enem como processo seletivo, desde que fossem feitas algumas alterações no exame¨, afirma.
O reitor da UFBA acrescenta que representantes das instituições que adotarem os conceitos da Universidade Nova deveriam fazer parte do conselho para que o Enem fosse adotado como padrão de seleção unificado.
Segundo o coordenador-executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest), Leandro Tessler, o exame deve ser mais bem sistematizado. ¨Para começar, ele precisa ser gerido por um conselho que hoje não está atuando como foi previsto quando da sua implantação¨, acredita Tessler.
Um dos pontos controversos que não tiveram uma conclusão durante as reuniões de ontem foi o relativo à passagem dos estudantes dos BIs para os cursos profissionalizantes. Como não há previsão de ampliação de vagas nesses cursos, um novo modelo de seleção de alunos precisaria ser aprovado.
¨Vamos promover um segundo seminário para discutir os pontos em aberto, como este, entre março e abril, na Universidade de Brasília¨, ressalta Almeida Filho. Segundo o reitor, porém, as primeiras definições e os pontos em discussão serão enviados nesta semana a todas as 57 Ifes, para que elas promovam discussões internas nas universidades acerca da Universidade Nova.
As idéias foram discutidas no 1.º Seminário Nacional da Universidade Nova - Reestruturação da Arquitetura Acadêmica da Educação Superior no Brasil, realizado entre a quinta-feira e hoje em Salvador. No total, participaram das discussões 193 representantes das Ifes e do MEC.
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Agência Estado
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