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Vaticano divulga lista de novos pecados capitais
10/03/2008
A manipulação genética, o uso de drogas, a desigualdade social e a poluição ambiental estão entre os novos pecados capitais pelos quais os cristãos devem pedir perdão, segundo a nova lista apresentada pela Santa Sé.
O Vaticano atualizou a lista de pecados capitais para adaptá-la à ¨realidade da globalização¨.
Os novos pecados capitais merecedores de condenação segundo a Igreja Católica serão agregados aos anteriores: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça.
Publicada no domingo no jornal do Vaticano, ¨Osservatore Romano¨, a lista foi divulgada depois que o papa Bento 16 denunciou a ¨queda do sentimento de pecado no mundo secularizado¨, em meio à redução no número de católicos que praticam a confissão.
Sociedade
Em entrevista ao ¨Osservatore Romano¨, monsenhor Gianfranco Girotti, responsável pelo tribunal da Cúria Romana que trata das questões internas do Vaticano, afirmou que, ao contrário dos anteriores, os novos pecados vão além dos direitos individuais e têm uma dimensão social.
¨Há várias áreas relacionadas aos direitos individuais e sociais dentro das quais incorrer em atitudes pecaminosas. Antes de mais nada, a área bioética, dentro da qual não podemos deixar de denunciar algumas violações de direitos fundamentais da natureza humana, através de experiências e manipulações genéticas, cujos êxitos são difíceis de prever e manter sob controle¨.
Na avaliação do prelado, a injustiça social e os crimes ambientais também estão na lista das novas ofensas pelas quais os fiéis devem pedir perdão e fazer penitência.
¨A desigualdade social, onde os ricos se tornam cada vez mais ricos e os pobres, cada vez mais pobres, alimentam uma insuportável injustiça social. Depois tem a área da ecologia, que hoje desperta grande interesse¨, apontou o responsável pelo tribunal vaticano.
Na entrevista, Girotti citou ainda o uso de drogas como um dos novos pecados que merecem condenação.
¨A droga enfraquece a psique e obscura a inteligência, deixando muitos jovens fora do circuito da Igreja¨, explica.
Sociedade
Na interpretação de monsenhor Girotti, o pecado deixou de ser apenas uma questão pessoal e passou a ter maior influencia na sociedade.
¨Antes, o pecado tinha uma dimensão individual, hoje tem uma impacto social, principalmente por causa da globalização. A atenção ao pecado agora é mais urgente devido aos reflexos maiores e mais destruidores que pode ter¨, disse Girotti.
Na entrevista ao jornal do papa, o monsenhor recordou que entre os grandes pecados estão o aborto e a pedofilia e comentou o escândalo dos abusos sexuais cometidos por padres.
Ele admitiu que se trata de um problema grave, mas denunciou uma espécie de campanha contra a Igreja Católica por parte dos meios de comunicação.
¨Estes fenômenos graves que foram denunciados demonstram a fragilidade humana e institucional da Igreja. Ela, porém, reagiu e continua reagindo para tutelar sua imagem e o bem do povo de Deus. Mas os meios de comunicação enfatizam o problema, prejudicando a imagem da Igreja¨, declarou o clérigo ao jornal.
Confissão
Monsenhor Gianfranco Girotti falou dos novos pecados aos padres reunidos no Vaticano até o final de semana passado, durante curso de atualização sobre o sacramento da confissão.
Durante o curso, o responsável pelo tribunal informou que cada vez menos católicos confessam os próprios pecados aos padres. Girotti denunciou que cerca de 60% dos fiéis na Itália não se confessam, citando estatísticas da Universidade Católica italiana.
Na entrevista ao ¨Osservatore Romano¨, Girotti recordou as recomendações para se receber o perdão.
¨Confissão em 15 ou máximo 20 dias antes ou depois de cometer o pecado, comunhão, oração segundo as intenções do papa, pureza e caridade¨, disse o clérigo.
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Assimina Vlahou - BBC
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