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Pesquisa mostra que 15% das babás têm ficha criminal
18/03/2008

Pesquisa feita por uma empresa responsável pela contratação de babás revelou que 28% delas mentiram sobre as referências no momento da contratação e 15% tinham antecedentes criminais. Foram analisadas 6 mil fichas em quatro anos e o maior índice de informações inventadas foi verificado no Rio, em São Paulo e em Brasília. Já entre as mulheres que tinham anotações criminais, a maioria era por agressão.

“Nós fizemos o levantamento ao informatizar nosso sistema. Vimos que a quantidade de fichas invalidadas por informações falsas ou por antecedentes criminais era muito grande. Isso é um alerta para que os pais redobrem a atenção ao escolher as babás de seus filhos”, afirmou Roberta Rizzo, diretora nacional da Rede Kanguruh, presente em 14 Estados e no Distrito Federal.

As informações falsas foram descobertas no serviço de checagem da rede. As candidatas forneceram referências pessoais forjadas, inventaram antigos empregos e forneceram telefones de parentes, como se fossem de antigos patrões.

Roberta sugere que os pais nunca aceitem telefones celulares como meio de contato para checar uma referência e sempre desconfiem quando só ouvirem elogios. “Geralmente quem só faz elogios é um amigo ou parente”, diz Roberta.

A empresária lembra o caso de uma senhora classificada pela agência como iniciante (já que não tinha comprovação de emprego anterior) e apta a ganhar salário em torno de R$ 600. Como ela queria entrar na faixa salarial de R$ 1,5 mil, apresentou à empresa uma carta de referência, informando que ela já havia cuidado de duas crianças daquela família em momentos diferentes. “A carta era assinada por um homem com sobrenome alemão. Assim que checamos, descobrimos que se tratava do genro dela e que as crianças eram suas netas.”

Roberta aconselha os pais a não aceitarem atestado federal de bons antecedentes, ao entrevistarem candidatas a babás. “Esse atestado só informa que ela não deve ao Fisco, mas não garante a idoneidade da pessoa. É preciso o atestado de antecedente criminal”, afirma.

“É claro que não temos como saber se uma pessoa teve culpa ou não no caso de agressão. Mas, na dúvida, não podemos indicá-la”, disse Roberta, que encaminhou à Câmara dos Deputados proposta de projeto de lei que regulamenta a profissão de babá, hoje inserida na categoria de empregadas domésticas, e defende a criação de um Cadastro Único de Babás.

DRAMA

Isabel Christina Fabbri, de 41 anos, também é defensora de uma criação de um cadastro nacional. O filho dela, Pedro Fabbri, morreu aos 7 anos, de lesão no pâncreas, depois de ter sido espancado pela babá, Sílvia dos Santos. “Ela já tinha trabalhado para outra pessoa da família e aceitei que fosse para a minha casa sem nenhum documento. Eu a ajudei a tirar carteira de identidade, CPF, carteira de trabalho”, lembra.

Pedro tinha deficiência física, estudava e aprendia a se comunicar por gestos. Isabel estranhou quando o menino parou de se comunicar e apareceu com hematomas. Desconfiada, instalou uma câmera. Gravou oito horas de espancamentos e humilhações. “Ela o fez vomitar e o obrigou a beber dois copos do próprio vômito.”

Depois das agressões, o menino ficou internado por sete meses e morreu. Sílvia está sendo julgada por tortura. “Ela aguarda o julgamento em liberdade. Só espero que ela não esteja fazendo mal a outras crianças”, disse Christina.

DICAS

Referências: Verifique cuidadosamente as referências. Busque informações sobre o telefone que está sendo utilizado, procure saber o endereço do ex-empregador e, se possível,
vá pessoalmente ao local

Checagem: Desconfie de celulares para fazer a checagem de referências. Os aparelhos podem estar em mãos de qualquer pessoa - um parente, uma amiga, uma irmã da candidata - e não haverá meios de saber a quem pertence

Documentos: Entre as desculpas mais usadas para não apresentá-los estão: ‘Lá na cidade em que eu trabalhei não se assina a carteira’; ‘meus patrões mudaram de cidade’; ‘fui assaltada e levaram minha carteira antiga, onde estavam as referências’. Neste caso, exija o boletim de ocorrência

Postura: Desconfie se ela não olha diretamente para a mãe, se desvia o olhar, se mantém mãos escondidas e braços cruzados e se tem atitude defensiva

Verdade: Peça para a babá escrever alguma coisa. Exija seu
telefone e endereço, por exemplo, e compare com a letra na carteira. Há candidatas que forjam registros no documento

Abandono de emprego: Carteira sem data de demissão é sinal de alerta máximo, a não ser que a babá esteja ainda trabalhando e saia em comum acordo com os atuais patrões. Carteira sem data de demissão pode significar abandono de emprego ou saída tempestuosa da casa anterior

Reações da criança: Fique atento às reações da criança.

Mudança brusca de comportamento e regressão (como voltar a sujar as fraldas) podem ser indício de maus-tratos.

...

Clarissa Thomé - O Estado de S.Paulo

  

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