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Nova bateria pode transformar indústria de eletrônicos
11/11/2008
A indústria de eletrônicos pode ser transformada com a chegada ao mercado, no início do próximo ano, de baterias de íon lítio de última geração, que, segundo seus criadores, aliam potência, segurança e um respeito maior ao meio ambiente.
O primeiro produto a incorporar a nova tecnologia, desenvolvida pela empresa americana Boston Power, são laptops. As baterias devem mudar a rotina dos usuários que trabalham em modo portátil (sem conectar o computador na tomada), já que um único jogo oferecerá mais de três horas de operação diária durante três anos e pode ser recarregado até 80% de sua carga máxima em apenas 30 minutos.
Seus criadores acreditam que a nova tecnologia representa uma mudança de paradigma para a indústria, com o potencial de transformar a forma como nos relacionamos com aparelhos eletrônicos de maneira geral.
As baterias de íon lítio convencionais, introduzidas na década de 90, começam a se deteriorar após o primeiro mês de uso, oferecendo progressivamente menos horas de funcionamento depois de recarregadas. O problema afeta usuários de todos os tipos de eletrônicos, um bom exemplo são os telefones celulares.
A indústria vinha aguardando com expectativa a chegada de baterias que pudessem tornar possível a emergência de uma nova geração de eletrônicos.
A frustração de fabricantes e usuários com baterias que duram pouco e limitam as possibilidades de uso de eletrônicos como o laptop, por exemplo, é bem antiga.
Entre fabricantes de PCs, há também a preocupação com a segurança. Em outubro, cem mil baterias Sony tiveram de ser recolhidas das lojas após incidentes de superaquecimento em que os aparelhos começaram a produzir fumaça e até chamas.
Segundo a empresa americana de consultoria em novas tecnologias Frost & Sullivan, que testou o produto, as novas baterias podem ser recarregadas mil vezes, enquanto as convencionais oferecem apenas 300 ciclos.
O tempo de recarga também é menor: a metade do necessário para carregar baterias convencionais.
Embora custem mais caro do que as tradicionais, elas têm vida útil de três anos. Nesse período, segundo estatísticas, um usuário que trabalhe em média duas horas por dia em modo portátil terá de comprar entre cinco e dez novos jogos de baterias.
Falando à BBC Brasil, a cientista sueca Christina Lampe-Onnerud, especialista em baterias e diretora da Boston Power, explicou o que torna a nova tecnologia mais eficiente do que as anteriores.
¨Uma bateria é como uma indústria química onde circulam várias substâncias¨, disse. ¨Nós observamos em detalhe a forma como essas substâncias interagem e, como numa orquestra, regulamos todos os instrumentos para que eles possam trabalhar de forma sincronizada e no mesmo tom¨.
Nas palavras de Lampe-Onnerud, para ¨afinar¨ esses processos químicos, os cientistas aperfeiçoaram seu controle de qualidade até ¨o nível atômico¨.
Nesse processo, os pesquisadores também aperfeiçoaram a tecnologia para eliminar os riscos à segurança presentes nas baterias convencionais.
Futuro
Lampe-Onnerud enfatizou, no entanto, que a tecnologia não se aplica apenas a laptops. A cientista disse que já está trabalhando em parceria com outras indústrias para desenvolver baterias para transportes sustentáveis (incluindo motocicletas, caminhões, carros) e para o setores de construção e habitação ecológicos.
¨Como estocar energia é a chave para toda a equação¨, disse. ¨Se você pode captar energia do sol, do vento ou da água, mas não tem como guardá-la, há um enorme desperdício¨.
¨É na hora de guardar a energia que essas baterias entram em ação, porque são tão pequenas e tão eficientes¨.
Segundo a cientista, um dos grandes problemas que o mundo enfrenta hoje é a centralização das fontes de energia. Lampe-Onnerud acredita que no futuro estas fontes serão locais, e que a nova tecnologia terá um importante papel nisso.
¨Teremos a oportunidade de trazer a energia para as pessoas¨, disse. ¨Você não vai até a energia, a energia vai até você. É uma grande mudança¨.
As novas baterias, cujo nome comercial é Sonata, são as primeiras a receber o Selo Ecológico Nórdico, Swan, emitido pelo governo sueco.
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